É sempre carnaval no Brasil
Para o meu lamentável tédio, não vou festejar o Carnaval esse ano. O motivo? Dinheiro. Ou melhor, falta de dinheiro. Por isso ficarei em casa e trocarei o axé music pelo rock nacional. E foi pela percepção do meu amigo Thiago Carvalho que, ouvindo uma balada acústica dos Titãs, notei a temática do Carnaval em uma letra composta por roqueiros. “Nem cinco minutos guardados”, de Sergio Britto e Marcelo Fromer era uma das músicas inéditas do CD/ DVD acústico dos Titãs, lançado em 1997, e agradou a todo público, tornando-se um dos grandes sucessos da banda.Acompanhada por violões, baixos e uma orquestra sinfônica no término, “Nem cinco minutos guardados”, ao contrário dos tradicionais axés, traz uma melodia serena e pacata, com uma letra declaratória de amor que encobre todo o processo de agito e folia entre os foliões numa micareta, por exemplo. A obra de Britto e Fromer não apela para a “base no beijo” ou para “extravasar e jogar tudo pro ar”, mas descreve, em um embalo romântico, todo o percurso do carnaval “na avenida”. Claro, sem perder o estilo acústico do pop rock.
Numa noite de carnaval, a intenção de um jovem é sair pela avenida e beijar quantas meninas bonitas derem mole para ele, por mais que ele ou até mesmo uma jovem, seja mal falada pela população; ou como diz a música: “Eu ouço as estrelas conspirando contra mim, sei que as plantas me vigiam no jardim”. Na confusão de um bloco de rua, à procura de uma desejada pessoa para abraçar e beijar, os Titãs visualizam como: “O teu perfume quer me envenenar, minha mente gira como um ventilador”.
A moça roda por toda a avenida, pela frente e por trás do trio, entre a multidão, chamando a atenção de todos com uma latinha na mão e um cigarro na outra, em “A chama do teu isqueiro quer incendiar a cidade, teus pés vão girando igual aos da porta estandarte”. Enquanto o rapaz encontra-se perdido entre tanta gente, talvez, apenas para atrair àquela que a quer por perto, no trecho: “Eu estou no meio da rua, você está no meio de tudo, o teu relógio quer acelerar, quer apressar os meus passos”. Isto é, enrolando-se entre toda a folia, de um lado para o outro, como se o tempo movimentasse a emoção de cada um.
Com a apelação erótica excluída e o excesso de bobagens sem sentido também descartado, “Nem cinco minutos guardados” mostra o calor do Carnaval e os sentimentos presentes em cada brincante à procura de alguém (ou alguéns) para ter por perto. Não importando se fazem parte, por exemplo, do mesmo bloco ou se está estão pegando uma baita chuva com o risco de um resfriado. Ou seja, essa comparação no romantismo exposto no refrão: “Tanto faz qual é a cor da sua blusa, tanto faz a roupa que você usa. Faça calor ou faça frio, é sempre carnaval no Brasil”. Encerrando com uma marchinha instrumental de carnaval. Enfim, aos sortudos dos foliões, aproveitem!Editado por Gilla Parente

Comentários
Meu manolo sempre escrevendo tão bem! :))
E dar uns pulos em seu nome esse carnaval, tá? haha.
Beijo, irmão!