Entrevista com Fábio Lucindo, o dublador de Ash Ketchum (Pokémon)
Tenho
certeza que muitos jovens na faixa dos vinte ou crianças de oito a dez
anos já ouviram falar de Ash Ketchum ou de Pikachu. É claro me refiro ao
desenho japonês Pokémon, sucesso nos anos 90, que é símbolo da infância de
muita gente; e Fábio Lucindo, que deu voz ao Ash Ketchum, garoto de eternos dez
anos de idade que sonha em ser um mestre Pokémon, conta aqui para o Outras
Palavras que, de fato, se pudesse capturar um dos monstrinhos, ele gostaria de ter um
“Pikachu, com certeza”. E para permanecer mais um pouquinho no clima de dia das
crianças, que foi ontem, 12, uma entrevista com Fábio Lucindo, o ator e dublador do
Ash, Doug Funny, Kuririn, do Dragon Ball; Kiba Inuka, do Naruto...
Fábio
Lucindo, hoje com trinta anos, começou a dublar Ash aos quinze e afirma que as indicações de outros profissionais de outras áreas e o fato da Álamo, empresa de dublagem, ser bem perto da casa dos pais dele
foram pontos determinantes que o levou a essa profissão e que o nervosismo fez
parte do seu primeiro dia como dublador. “Lembro muito bem o que senti no
primeiro dia. Fiquei um pouco nervoso e depois surpreso. Foi muito rápido!”,
recorda. Ele diz também que o mais difícil na profissão é ter que fazer tudo ao
mesmo tempo: ler, atuar, sincronizar e adaptar o texto e “tudo isso sem fazer
nenhum outro barulho além da emissão vocal”.
Além
da dublagem, que vai entre centenas de desenhos, filmes, algumas novelas e
séries, Fábio Lucindo também interpreta no teatro e explica como diferencia os
dois tipos de atuação, da dublagem e do teatro: “Pelo modus operandi (modo de
operação) e a relação com o tempo. Na dublagem tudo é muito técnico, rápido, instantâneo
e não pode ser frio. Dublagem demanda performance, já o teatro é mais lento,
mais artesanal e mais profundo”. Sobre algum personagem que tem vontade de
dublar, ele comenta que gostaria de emprestar a voz àqueles que ele
dificilmente poderia fazer em função da idade dele.
Mesmo
que Ash seja o trabalho mais longo e reconhecido como dublador, Fábio
Lucindo admite que já pensou em desistir do “treinador do Pikachu”. “Quando eu
era adolescente, pensei em desistir algumas vezes. Acho que foi o
comprometimento profissional e responsabilidade que me fez prosseguir”, conta. Ele
reconhece também que há receio de perder o tom da voz de Ash. “É cada vez mais
difícil de chegar ao tom dele. Seria impossível não haver diferença nenhuma. Lá
se vão quinze longos anos!”, recorda o ator.
A
perseverança foi uma das caraterísticas de Ash que Fábio Lucindo mais
potencializou. “Ele sai pelo mundo em busca de um objetivo pessoal maior, mas
não se incomoda de se colocar de lado para ajudar alguém e nem se abate até
hoje por nunca ter vencido uma Liga Pokémon – tudo bem, venceu a Liga Laranja,
mas acho que não conta, certo?”, compara. E assim como acontece com os fãs de
Pokémon, Fábio também se emocionou com episódios em que Ash se despede dos
amigos. “Há, para mim, vários momentos emocionantes, principalmente as despedidas
(Butterfree, Brock e Misty). E, claro, sempre que o Pikachu some ou se machuca
muito feio dá um aperto no coração”.
O trabalho de Fábio Lucindo dublando o
protagonista do Pokémon - ou outros personagens - atravessa gerações, e além de
se considerar um sortudo, também se preocupa cada vez mais em se aperfeiçoar. “Vejo que estou ficando velho! Fico feliz e me
sinto com muita sorte de dublar o Ash. Não fico tão orgulhoso, afinal, o mérito
não é tanto meu e sim dos criadores do desenho. Eu só tento fazer a minha parte
da melhor maneira possível, porém não considero isso mais do que minha
obrigação. E trabalhar com dublagem até hoje me mostra que venho realizando um trabalho
satisfatório, mas não deixo que isso seja maior que minha preocupação em me
aprimorar”, esclarece. E, para concluir, se ele pudesse, através da sua
profissão artística, proporcionaria mais do que alegria e criatividade aos fãs:
“Eu tentaria distribuir melhor as riquezas do mundo.
Tanto no âmbito das finanças como das fontes naturais. Eu tentaria combater
todo e qualquer tipo de desperdício e violência”.
Comentários
Fábio é um cara extremamente simpático e receptivo pessoalmente, de modo que essa entrevista é um mero reflexo de sua grande e amigável personalidade. Muito interessante saber pormenores de sua percepção sobre Pokémon e esses aspectos mais peculiares de sua carreira na dublagem. A mensagem final também foi muito bonita - e lembra discurso de Miss Universo (desculpa ae Fábio!) hehehe, mas conhecendo-o mesmo que pouco, posso dizer que foram palavras verdadeiras.
Obrigado pela homenagem ao Dia das Crianças, Victão! E continue nos agraciando com reportagens antenadas e que tocam ao coração.