Resenha: uma "Noite da Virada" fora do comum (filme)

Como será o meu réveillon? Ainda não está bem claro de como será, porém já sei que não haverá semelhança alguma com a comédia “A Noite da Virada”, de Fábio Mendonça, em cartaz nos cinemas. Um casal se prepara para receber umas, pelo menos, trezentas pessoas em uma mega festa de virada de ano na casa deles, com direito à DJ, drinks, maconha e afins. No entanto, Duda (Paulo Tiefenthaler) resolve contar à esposa Ana (Júlia Rabello) que quer se separar, estragando a noite do dia 31 de dezembro dela. Para piorar, um casal de vizinhos decide aparecer na festa, da qual foram convidados somente por educação. Além deles, também a irmã maluca de Ana, um casal de amigos que só pensa em sexo e um traficante de drogas. Sem contar um outro traficante que estava á caminho da farra, o Fumaça, interpretado por Rodrigo Sant´ana. Em outras palavras, é uma loucura sem tamanho!

Óbvio, como muitas comédias nacionais, “A Noite da Virada” tem um apelo ao sexo, palavrão e às drogas. Mas ainda assim, mesmo que um dos personagens seja traficante de drogas e que movimente boa parte da história, não é algo realmente forçado ou exagerado. A maioria das cenas se passa em três banheiros da enorme casa de Ana, o que torna a situação ainda mais cômica. Um dos personagens, o Fumaça, está encurralado em um banheiro químico que está sendo carregado por um caminhão, fazendo do longa-metragem uma bizarrice ainda maior e mostra que Rodrigo Sant´ana é ainda mais interessantemente engraçado nas telas do cinema do que nas telas da TV, mais precisamente do enfadonho Zorra Total.

A direção do estreante Fábio Mendonça deu um toque sagaz e diferenciado à comédia, que foi adaptada do texto teatral “O banheiro”. Mas, além da direção, do roteiro criativo e das piadas hilárias, vale lembrar que nem todos os atores são da TV Globo, com em muitos dos filmes brasileiros. Ana, por exemplo, uma das protagonistas, é interpretada por Júlia Rabello, do “Porta dos Fundos”, canal de vídeo de estrondoso sucesso do youtube e do “Vai que Cola”, humorístico com plateia e cheio de improviso do Multishow. Ou João Vicente Castro, o divertido Rica (cara que tenta negar sete trepadas com a namorada e não pagar o dinheiro que deve ao traficante de drogas), também vem do “Porta dos Fundos” e da série “Lili, a ex”, da GNT. Ou seja, são atores que vieram de séries e humorísticos com um texto, direção e atuação bem diferentes do que se vê em grande parte dos programas da TV aberta, com uma proposta visivelmente atípica. Não renegando o diferencial de Luana Piovani ou Marcos Palmeira, que também são responsáveis por boas gargalhadas.

Por fim, “A Noite da Virada” é um filme em que eu não criei expectativas quando vi o trailer, mas ir ao cinema e assisti-lo me garantiu diversão na íntegra, com humor menos pastelão e muito mais ágil. Com alguns personagens comuns, como o chefe tarado, e outros nem tanto assim, como a irmã gorda, mas sensual ou os nerds maconheiros. É um longa-metragem em que você ri das piadas, da situação, das caretas, do texto, ou seja, de praticamente tudo. E um dia, quem sabe, eu também vá ter uma virada de ano tão bizarra como essa do filme. Com exceção da maconha, porque eu acho que o meu pobre pulmão não aguentaria tanto. Mas... De repente... Um dia, quem sabe...

E para terminar o último parágrafo do último texto da última postagem do ano, duas coisas: um muitíssimo obrigado a todos que leram cada resenha ou entrevista que eu divulguei aqui no Outras Palavras, que, junto com as aulas particulares que dei, foi o que mais fiz de produtivo nesse ano que está indo embora. E a outra coisa: neste ano que está surgindo, aproveitem bem cada dia com cada pessoa que puderem, com cada amigo ou parente, valorizem seus irmãos, pai e mãe que têm; valorizem cada pessoa e o que ela fez por você, principalmente, nas horas em que você mais precisou dela; agradeça a Deus pelas coisas e pelas pessoas que tem e tente pedir menos a Ele. Um Feliz 2015 com muita saúde e sucesso a todos!