Matéria: Manifestações e as novas canções de protesto!
A população foi às ruas
no dia 15 do mês passado e ontem, domingo (12), para manifestar contra o
governo de Dilma Rousseff (PT). Por que essa atitude? “Basicamente não precisa
pensar muito para chegar numa resposta sobre isso, basta você ser brasileiro.”,
disse o estudante de jornalismo Luan Poffo, 18 anos, em seu canal no youtube, que
teve o impeachment[1] da
Dilma como tema (assista ao vídeo, abaixo). De fato, o brasileiro já está de
saco cheio com os escândalos de corrupção no nosso país, como as investigações
de contrafação na Petrobrás, a baixa na economia e outros inúmeros motivos. Mas
poucos sabem o quão esse processo é demorado e muito menos se esses problemas
diminuiriam, aumentariam ou ficariam na mesma. É difícil de dizer.
Pelo menos 24 estados,
incluindo o Pará, adeririam às manifestações, com 590 mil pessoas,
no total, de acordo com uma reportagem do site Uol. E essa reivindicação do
povo brasileiro é retratada em forma de música, assim como se fazia anos atrás.
Isto é, está enganado quem pensa que atualmente não há canções com a temática de
protesto. Alguns artistas as criaram justamente devido a essa atitude
da população, de sair de casa para lutar pelos seus direitos. Por exemplo, ainda
em junho de 2013, quando ocorreram as primeiras manifestações, em que o
objetivo inicial era de questionar o aumento das passagens de ônibus em várias
metrópoles do Brasil, Leoni compôs e gravou “As coisas não caem do céu”.
A letra de Leoni - autor
do hits, como “Garotos II – o outro lado” - lembra-nos, sem muitas delongas e
metáforas, porém de forma inteligente e pertinente, que todos nós temos o dever
de lutar pelos nossos direitos, nos versos “que esse mundo é nosso/ quando a
gente toma posse/ arregaça as mangas/ e faz o que tem que fazer”. Ela também
critica a nossa geração, que até então estava bastante relaxada, difamando as
autoridades políticas somente quando lia uma notícia nos jornais ou
mostrando-se contra a corrupção apenas em redes sociais com um “compartilhamento”,
mas, sem, de fato, agir. A canção é um convite para que a gente pense menos
e aja mais, afinal, nada cai do céu. "Escrevi 'As coisas não caem do céu' para lembrar que só
a ação modifica o mundo. As pessoas na rua disseram isso de forma muito mais
impactante e coletiva", explicou o cantor, em comunicado em suas redes
sociais, no dia 16 de junho de 2013.
O paraense Markinho, vocalista da Markinho e Banda, também se
inspirou nos protestos do Brasil em 2013 para criar a “Vamos pra rua”
(disponível mais abaixo), que só foi lançada no segundo semestre do ano passado
(2014), quando gravou, com a banda, no terceiro DVD. O curioso é que essa
música passou a ser veiculada com mais frequência num momento em que os
brasileiros já se mostravam insatisfeitos com as medidas tomadas pelo governo
Dilma. No refrão, Markinho chama a todos para irmos à rua e “gritar bem alto/
descer do salto/ rodar a baiana e colocar todo mundo em cana”. Ou seja, “Vamos
pra rua” se encaixou perfeitamente com as atuais circunstâncias, já que, pouquíssimo
tempo depois da reeleição da presidente, a população foi toda pra rua, outra
vez.
Mesmo com um número menor de manifestantes e, felizmente, com
um clima mais pacífico em relação ao do dia 15 de março, os brasileiros provaram,
ontem, que podem e devem lutar por um país justo. E isso é retratado em
nossas canções ou através de outras artes e mídias; tornando-se assunto
de vídeos na internet, com uma pitada de humor, como foi o caso de Luan Poffo,
que comentei logo no início do texto. O vlogueiro lembra, também, que há quem pense
que a volta da ditadura militar seja uma solução. “Nesse período, milhares de
pessoas foram mortas e torturadas, [...] os cidadãos tiveram seus direitos
cortados e a liberdade restringida. Todo mundo era culpado a menos que se
provasse o contrário, diferente de hoje em dia, que somos todos inocentes até
que se prove o contrário’, explicou Luan, no vídeo. Sem contar a censura que
teríamos em nossas músicas, peças teatrais, filmes, novelas... Ou seja, esqueça esse papo de ditadura. A melhor saída é a democracia, é ir pra rua, pois “de braços cruzados nada vai
mudar”.
“Vamos
pra rua”
Uma
porção mágica/ Pra esquecer de tudo/ Uma overdose/ Pra aliviar o mundo.
Manchetes
no jornal/ Transformando tudo em carnaval/ Mais uma ideia genial/ Pra tirar a
atenção do povo, que legal.
E
nós aqui/ Sem saber onde ir/ Sem saber qual bicho vai dar/ Sem saber que
atitude tomar/ De braços cruzados nada vai mudar.
Vamos
pra rua/ Vamos gritar bem alto/ Vamos descer do salto/ Rodar a baiana e colocar
todo mundo em cana. / Vamos pra rua/ Vamos gritar bem alto/ Vamos descer do
salto, agora é nossa vez/ De colocar vocês no xadrez.
Nesse
estado que não é nação/ No meio dessa confusão/ Só se fala em corrupção/ Já não
se sabe mais quem é ladrão.
Fontes
http://www.significados.com.br/impeachment/
http://g1.globo.com/musica/noticia/2013/06/leoni-divulga-cancao-favor-de-protestos-ouca.html
http://letras.mus.br/leoni/as-coisas-nao-caem-do-ceu/
http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2015/04/12/protestos-reunem-cerca-de-590-mil-pelo-pais-governo-e-pt-nao-comentam.htm
[1] Impeachment
é uma palavra de origem inglesa que significa "impedimento" ou "impugnação", utilizada como um modelo de processo
instaurado contra altas autoridades governamentais acusadas de infringir os
seus deveres funcionais. Dizer que ocorreu impeachment ao Presidente da
República, significa que este não poderá continuar exercendo funções.
Comentários
Um blog inteligente como o seu realmente não poderia ficar calado sobre as manifestações que tem acontecido.
Como quase tudo que se escreve aqui, essa postagem também envolve música - e das boas, nesse caso. Markinho e Banda tbm estão de parabéns por se manifestar sobre o assunto e mostrar que a alienação passa bem longe deles e de seus fãs.
Vamo que vamo! Por um país mais honesto e cidadão, seja quem seja o presidente no poder. Afinal, a mudança deve acontecer dentro de cada um, e discutir o assunto e participar de passeatas é uma forma de começar.