Crônica: Sala de aula (2)

Confraternização da Oficina de Publicidade e Propaganda  

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“É sério. Essa caneta é um presente pra vocês. Vocês merecem. E muito obrigado pelas aulas que vocês estão dando pra gente”, agradeceu Ryan Samir, um aplicado aluno do 9º ano. E quando Lucas Moraes, do 8° ano, reclamou que estavam sem professores durante a greve, Rafa questionou: "E nós? O Victor e eu.". Lucas rebateu: "Mas vocês dois não são professores! São dois anjos!".

Mais um estágio finalizado. Dessa vez, Rafaela Gonçalves e eu estivemos na Escola Antônia Paes da Silva, com turmas do Ensino Fundamental, duas do 8º e uma do 9º ano. Nos dias de observação, acompanhamos a professora Eliana de Almeida durante as aulas. Ela é rígida, séria, porém sabe ser flexível, compreensível e tem uma boa relação com os alunos. “Não é meeeismo, senhoores?”, como ela sempre diz. A professora Eliana, intrigada com a biblioteca inutilizada, mobilizou às suas três turmas e a nós dois, seus gatíssimos estagiários, a um mutirão para organizar a “casa dos livros”. Limpei e ordenei tantos livros que até me deu vontade de organizar os meus. Mas só vontade. Faltou a disposição e coragem, é claro.

Os alunos do Ensino Fundamental são mais afoitos, ágeis, não param quietos. Fiquei apreensivo por isso, admito. Mas tive dois suportes para me tranquilizar: os chopes que eu bebo no Café com Arte e na casa do Max (meu sobrinho/ afilhado) e o otimismo da minha amiga Rafa. É praticamente um casamento acadêmico - tem gente que pensa que nós namoramos, mal sabem... - O tema da nossa oficina foi Publicidade e Propaganda, com uma turma do 8º e uma do 9º ano, já que a greve estadual, devido a alguns problemas, impediu uma das turmas de comparecer nas aulas. A greve tentou nos derrubar, mas graças à professora Eliana, demos um jeito de organizar nossos horários e planejarmos as aulas. Duas semanas com Victório e a Rafa como professores. E como foi?

Tenho a impressão de tá na sala de aula há um tempão! Uma naturalidade, segurança e tranquilidade que eu nunca senti em nenhuma outra situação, muito menos na área do jornalismo, minha primeira graduação. Talvez porque Rafa esteve ao meu lado? Talvez porque a professora Eliana confiava na gente? Talvez porque os alunos interagiram e se mostraram interessados? Ou talvez por eu ter vocação pra coisa? É tudo isso numa coisa só!

Ontem (26), além de ter sido nosso último dia de estágio, também foi o último dia da Eliana como professora nas duas turmas. Ela teve que deixar o turno da tarde por motivos que agora não vem ao caso.  No nosso último dia, os alunos – uns mais tímidos, outros nem um pouco – apresentaram seus trabalhos sobre publicidade e propaganda com muita criatividade. Eles também ressaltaram os pontos negativos e positivos das duas semanas de oficina. O que mais ouvimos: “O lado negativo foi a greve que nos atrapalhou. O lado positivo foi ter conhecido esses professores maravilhosos” ou “O lado positivo foi ter conhecido vocês e o lado ruim é que vocês vão ter que ir embora”. Os estudantes ressaltaram, nesses curtos depoimentos, que vão sentir falta da professora Eliana, e do quão aprenderam com ela.
           Terminamos a apresentação dos trabalhos com bolo de chocolate, brigadeiros e refrigerantes. E a certeza de que a minha amiga Rafa e eu, com todo o ensinamento que recebemos da professora Eliana, fizemos bonito! Mas isso só deu certo mesmo graças ao comprometimento dos alunos, que foram firmes, apesar das dificuldades encontradas no dia a dia, sobretudo numa época de greve em escolas estaduais. Enfim, nosso muito obrigado a todos da Escola Antônia Paes! 

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