Crônica: Formado. E agora?
Um ano após a minha solenidade.
Um ano formado em Letras Língua
Portuguesa, pela UFPA. Em muita gente, após usar a beca e jogar o canudo pro alto,
bate o desespero: “E agora? O que faço da vida?”. Em mim, também, e pela segunda vez. A diferença é que agora eu me sentia mais feliz e realizado. Então, eu pensava: "PELO AMOR DE DEUS, AGORA VAI!". E nesse período, de um ano, tive algumas poucas, porém experiências que valeram a pena.
Em setembro e outubro, arrisquei meu corpitcho e meu belíssimo rosto indo lá pra Casa do Caramba ministrar Língua Portuguesa num cursinho popular do Paar, à noite. A mamãe não sossegava, coitada! Eu ia ganhar uma coisita de nada, mas eu estaria com um currículo melhor, exercendo a minha profissão. Lindo, não? Morto de amores pela docência, era tudo o que eu queria. Pois é... Tive uma baita experiência: ensinei assuntos que eu pouco estudei na graduação, aulas prolongadas repentinamente, momentos de insegurança, outros de muita confiança; aulas que eu poderia ter feito bem melhor e aulas que eu fui fodástico! Sem contar os inúmeros elogios dos alunos. Teria sido tudo okay se o coordenador não tivesse nos enganado e não nos pagado o que devia. Assim como no ITEP, a vivência como docente foi incrível, mas na hora de receber o pagamento... Melhor nem lembrar, que já bate uma raiva.
Por
duas semanas e meia de março de 2020, eu trabalhei no EJA – Educação para Jovens
e Adultos – de Tucuruí. Foram as duas semanas e meia mais desgastantes emocionalmente
que eu já tive nesses meus 30 anos de existência neste mundo cruelmente belo. Não
só por estar longe de casa, mas pelo contexto em si: ser professor no E-J-A, de alunos com histórias de vida que... eu nem preciso entrar
em detalhes... Com uma metodologia que nos exigia ministrar 4 aulas seguidas,
ou seja, a manhã e a tarde toda! Os estudantes não aguentavam! Por mais que eu
tentasse uma aula “decente”, eles se cansavam; e, no fim, eu também. Apesar de
tudo, foi o desafio que mais me trouxe amadurecimento na profissão. 13 dias
que pareceram meses, de tanto que cresci. Mas voltei pra Belém, porque a pandemia
veio pra arrasar com todo mundo!
Com os alunos do EJA, em Tucuruí. |
É... A pandemia muda a gente... A vida traz cada surpresa... As mudanças servem pra nos dar a chance
de evoluir. Eu vou aproveitar as oportunidades que me aparecem. E pra quem tá trabalhando
(e no que gosta) em plena pandemia... Eu sou, realmente, um privilegiado!
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