Crônica: autocobrança
A
vontade de desistir do curso é muito comum entre a maioria dos alunos
do ensino técnico, seja lá qual for a área, sobretudo no início dos módulos. Essa maioria
(por vários motivos) não tá mais acostumada com o ritmo dos estudos; e além de não tá
mais adaptada com provas, seminários e demais trabalhos, de ter
uma vida familiar, profissional e social, também enfrenta suas dificuldades pessoais. Por
isso, muitos acreditam que não “darão conta de tudo”, e aí vem a vontade de
desistir.
Conversei
sobre isso um dia desses com uma aluna e a sugeri que, de fato, se cobrasse, porém sem
exageros; ela não tá mais familiarizada com a vida de estudante e precisa ter mais paciência com ela mesma. Era e é necessário, siem, estudar, se
empenhar, administrar bem o tempo entre os estudos e a vida em geral, mas não se julgar por não tirar um 10 ou não obter outros excelentes
resultados: não és o pior aluno por isso. Às vezes, vejo que boa parte dos discentes se cobra tanto a ponto de
almejar uma perfeição nas “avaliações”. Eles precisam se esforçar, mas sempre
lembrar que estão fazendo o seu melhor, ter mais orgulho de si e do seu processo como futuros profissionais.
No dia seguinte, no entanto, percebi que eu tava agindo como essa estudante: me cobrando para fazer um trabalho perfeito, sendo que isso é impossível! Me refiro principalmente por tá no início como professor de redação de concurso público: tô me dedicando ao máximo para ministrar aulas de extrema qualidade, corrijo as redações com tremenda atenção e ainda me esforço para deixar uma letra legível (sim, porque minha letra é quase um outro idioma de tão estranha/ feia), mas ainda penso que não tô executando um ótimo trabalho. E isso pode me trazer uma baita ansiedade ou me afetar internamente em outros aspectos.
Eu amo trabalhar, amo lecionar e pretendo ainda mais sair
da minha zona de conforto, isto é, quero sempre realizar um trabalho digno e diferente aos
alunos. Já aprendi que não dá pra ter aprovação de todos, mas eu preciso enfiar (de novo) na minha cabeça que sou um bom professor, que
tô sempre crescendo, aprendendo e, mesmo com muita dedicação, ainda irei cometer erros. O
importante é perceber as falhas, aceitá-las e tentar mudar para que isso não
ocorra mais, ou pelo menos não com muita frequência. Isso vale pra mim e pra vocês, seus liendos!
Eu aprendo, cresço e me reinvento como professor a cada dia. Aprendo a lidar, conhecer o outro a cada aula. Ensinar é um eterno aprendizado. É preciso sempre entregar o seu melhor, sabendo que, assim, se alcançará grandes resultados, mas também lembrar que os erros e os desafios virão. Exija de si, mas se tu perceberes que nem tudo tá como se planejou, tá tudo bem, jovem: nem tudo sai como se quer, muito menos com perfeição. Aliás, não é pra ser perfeito. Só Deus mesmo pra ser perfeito, mana!
Por fim, bora acertar, bora errar, mas bora agir, bora tentar, só não dá pra ficar parado. Tu não és estátua nem poste pra ficar parado – não sei de onde tirei essa piada infame da estátua, mas ficou legal: 0,5 pra mim.
@versosdovvictorio
Comentários
E graças a vc eu conseguir seguir firme naquilo que eu tanto sonho,valeu por todos os conselhos meu queridíssimo😍
Tu dissestes q eu ia gosta, mas tu se enganou. Pq eu amei o texto. Mais uma vez o que tu escreve conversou comigo. Eu admito q sou muito intransigente comigo mesma, beirando a ser cruel. Eu sempre estipulo metas e processos e me forço à cumprir, mas sempre esqueço que minhas capacidades e necessidades são diferentes de outras pessoas. Eu trilhei um caminho diferentes também e isso determina o que eu sou. E quase sempre tenho dificuldade de me aceitar tal como sou. Mas, eu sei que quando aceitamos nossas limitações, o caminho para aprender a lidar com elas é mais fácil e, com isso, o caminho pra bons resultados é mais possível.
Obrigada por postar teu desabafo, eu quero ser mais piedosa e menos exigente e me aceitar mais. Mas, as vezes confesso que não sei como fazer isso. E o teu desabafo pôs luz aos questionamentos q eu deveria me fazer e a fatos q eu já deveria ter aceitado.
Definitivamente tu é professor, um bom professor de redação e linguística e um ótimo professor da vida. É como se tu fosse um rato mutante sensei e eu fosse uma tartatura mutante ninja com nome de escultor renascentista italiano (o que particularmente explica o porquê gosto de comer tanta pizza e macarrão). ����☢️