Homenagem: Amo muito minha maninha, eu!
Criança nenhuma gosta de ficar sozinha, sem ter companhia
para brincar, para passar o tempo, e especialmente quando se é filho único. Às
vezes, não têm vizinhos ou primos da mesma idade; e os pais também o estragam
com mimos. Ou seja, o que muita criança deseja é a companhia de um irmão. Assim
como eu desejei, aos sete anos de idade.
- Não se preocupe, meu filho. Eu e teu pai vamos te dar um
irmãozinho – prometeu mamãe. Agora, como ela e papai iriam fazer isso, eu,
inocentemente, já não tinha a mínima ideia.
Em Gramado, no Rio Grande do Sul, na Aldeia do Papai Noel,
onde mamãe e eu visitamos em uma excursão, havia um grande livro para que
fizéssemos um pedido de Natal ao Bom Velhinho. Duvido você adivinhar o que eu
pedi: um irmãozinho. A carência de companhia era tanta que apelei pro Papai
Noel – mesmo sabendo que já estávamos em no mês de janeiro, totalmente fora do
clima natalino.
Na verdade, fui mais específico:
- Quero ter uma irmãzinha – escrevi no livro, pois meus
tios diziam que se fosse do mesmo sexo eu ficaria “pro canto”.
Antes mesmo de a menina nascer, eu já a amava. Mamãe
homenageou minha irmãzinha com o nome (nada comum) de uma grande amiga sua:
Ivna. Eu ainda nem a conhecia, mas a garotinha que estava na barriga de minha
mãe era a pessoa que eu mais amava. Zeneide e Tita que ficassem em 2º plano.
Branca que nem a mãe, com cabelos
curtos como de um homenzinho, Ivna nasceu. Até ela completar dois anos e seus cabelos
ficarem cacheados, todas as tardes eu deitava com ela na rede, dava o “gagau” e
a fazia dormir. Minha maninha dançava de boca aberta, me “obrigava” a assistir
várias vezes o VHS dos “Teletubbies” e "Xuxa Só Para Baixinhos";
brincou de atriz, “atuando” como a mãe de uma adolescente, sendo que a filha
dela tinha 18 anos e ela 4. Ivna - ou "Ina" como ela se chamava -
pedia "gagau", "fiviante" (refrigerante), chamava pela
"Baía" (Maria) e pelo irmão "Iiito" (Victor). E corria de
medo e rindo enlouquecidamente quando eu dizia: "Eu vou pegar... Eu vou
pegar o nenê mais gato do Basil!". Ivna corria desesperadamente pela casa.
- Dá abraço na maninha, dá. Dá abraço na maninha, dá. –
minha irmã cantava para mim, desde os 10 anos. – Amo muito meu maninho, eu. Amo
muito meu maninho, eu.
Pedi uma irmã, e amo ela mais que a mim, porém não sei ser
um bom irmão. Não sei aceitar o gosto musical dela (Vai, late, late que eu to
passando!), os ataques de patricinha (Aí, amiga!) e não sei ser tão afetuoso.
Ivna me pede abraço, carinho, “beijinho na maninha”, e eu dou, mas meio
emburrado e sem paciência. Não sei dizer “te amo, maninha” com a mesma
facilidade que ela ou até mesmo com a mesma facilidade que tinha quando ela era
menor, período em que eu repetia essa frase varias vezes aos dia. Sou frio,
distante e, às vezes, chato.
Não sei dizer nem demonstrar afeto, mas é indubitável o
amor que sinto por ela, que é o maior e mais sincero. Estou longe de ser o
“melhor irmão do mundo”, ao contrário do que a própria Ivna mesma diz de vez em
quando, até porque não acredito que exista um. Mas tento mostrar a ela que
estarei por perto quando ela estiver nervosa nos primeiros dias de aula, com
raiva porque brigou com a amiga ou qualquer babado da escola. Se bem que isso
ela já faz, e fala como uma matraca.
Luciano foi o irmão que não tive a oportunidade de
conhecer, mas tive a oportunidade, há 13 anos, não de ser um irmão perfeito ou
ter a irmã perfeita, mas de ser um irmão sortudo. Por ser linda, engraçada,
sagaz, doida, minha eterna bebê e parceira para todas as horas, seja para
passear de carro, jogar Monopoly, encher o saco, ir ao cinema ou ouvir todos os
babados do colégio. Por, enfim, ter sorte de ter Ivna como minha irmã.
Quase nada eu sei sobre o amor, muito menos se ele existe
de verdade. Mas o pouco que eu conheço dele está relacionado a pouquíssimas
pessoas. O pouco que eu sei sobre este nobre sentimento é porque no dia 16 de
Fevereiro de 1998 nasceu o ser mais importante pra mim.
Te amo mana´deu e Feliz Aniversário!
Comentários
irmuscos!!!
Abração Victor