Homenagem: Ela ainda é uma garotinha
Cássia Rejane Eller faria 50 anos
hoje, 10 de dezembro de 2012, mas sofreu um infarto no miocárdio repentino e
faleceu no final de dezembro de 2001, no dia 29. Mesmo indo embora cedo demais,
Cássia Eller teve tempo para nos deixar um legado de canções. Samba, MPB, rock,
enfim, ela se reinventava. Poderia até não compor, contudo, sabia interpretar.
E tinha parceiros que lhe presenteava com canções dignas de sua voz, com álbuns
que marcaram os seus onze anos de carreira.
Produzido por Gutto Graça Mello,
em 1994, o álbum “Cássia Eller”, o terceiro da cantora, vendeu mais de 10 mil
cópias; e há razões para isso. Com dois sucessos anteriores, “Malandragem” e
“ECT”, o disco trouxe regravações de variados autores. “Pétala”, de Djavan,
ficou, apesar de bonita, depressiva e maior vivacidade a “1º de Julho” de
Renato Russo e “Coroné Antonio Bento” de Luiz Wanderley e João do Vale,
conhecida da voz de Tim Maia. Ou seja, ela é, de fato, intérprete, pois
transforma a canção, sem tirar a sua essência e sua originalidade; diferente de
um cover, que simplesmente copia.
Cazuza foi homenageado, três anos
depois, por Cássia Eller com um disco só com obras do exagerado, o “Veneno
AntiMonotonia”. Talvez por ser um grande fã do poeta, não vejo este álbum como
um dos melhores. Não acredito que músicas como “Pro dia nascer feliz”, “Ponto
fraco” ou “Bete balanço” se encaixaram na voz de Cássia. Porém, outras como
“Obrigado (por ter me mandado)”, “Menina mimada” e “Mal nenhum” tiveram maior
intimidade no tom da cantora, sendo, principalmente as duas primeiras, bem
melhor representadas do que com o próprio Cazuza.
E, sem dúvida, o “Acústico MTV”, lançado
em março de 2001, foi o melhor disco de Cássia Eller. Este poderia ter sido mais
aproveitado com um repertório maior, já que apenas dezessete músicas foram
inclusas; num álbum em que todas ganharam uma versão ainda melhor, outros
clássicos poderiam ter sido aproveitados, como “Palavras” e “As coisas tão mais
lindas”, ambas do diretor do acústico e grande amigo da cantora, Nando Reis.
Todas em combinação harmônica suave, sem esquecer do genuíno rock, mas priorizando
as baladas, para fazer jus ao nome “acústico”.
Aliás, falar de Cássia Eller e
não mencionar Nando Reis é quase um equívoco. Por isso foi lançado, no ano
passado, o disco “Relicário”, uma coletânea de composições de Nando na voz de
Cássia. Além das inéditas “Baby love” e “Um tiro no coração”, com o próprio
autor. Ambos já eram parceiros desde que o compositor participava dos Titãs e
recentemente homenageou a amiga em sua nova canção “Back in Vania”, no trecho “Onde,
hoje, moram minha mãe Cecília, Cássia e Marcelo (Fromer)? – Dentro do coração”.
Muita gente reclama da voz rouca
de Cássia Eller ou não gosta dela porque era lésbica, como se isso pra fim
fosse algum problema. Ela saiu à noite à procura[1] da
divergência ao rock brasileiro com seu estilo jogado e cheio de malandragens, e
que percorria pela “Cadência do Samba”[2], com
toda a dádiva[3] da MPB e,
claro, sem o descanso e adormecer[4] do
rock´roll. Parabéns, Cássia!
[1] Trecho da música “Gatas Extraordinárias” de Caetano Veloso[1] Título da música de Atulfo Aves e Paulo Gesta, “Decadência do
Samba”.
[2] Trecho referente à canção “Palavras ao vento” de Moraes Monte
e Moraes Moreira.[1] Trecho referente a canção “No recreio” de Nando Reis.
[3] Trecho referente à canção “Palavras ao vento” de Moraes Monte
e Moraes Moreira.
[4] Trecho referente a canção “No recreio” de Nando Reis.
Comentários
Acho que você já percebeu que adorei o texto! rsrs! Mais uma vez... *-*
Não sou seu fã, mas é inegável a beleza e a força de suas canções.
Admiro-a muito como cantora. A qualidade de sua voz e de suas composições, ah....
Sem contar que "Gatas extraordinárias" me lembra mt Pokémon! Hahahaha
Temos que pegar, temos que pegar, essa criatura... :p