Homenagem: Foi embora o pai, ficaram os filhos...
Eu
estava tão empolgado e feliz na sexta-feira, 28, por ter meu pai passando o meu aniversário comigo que foi disfarçada a tristeza ao ouvir a péssima notícia que qualquer pessoa, especialmente fã, poderia
receber: a morte de Roberto Gómez Bolaños. Era bom saber que, mesmo com
problemas respiratórios e de locomoção, o criador de personagens como
Chaves e Chapolin, estava lá, vivo. Mas acho que seria cruel de minha parte desejar
que ele suportasse por mais tanto tempo, sabendo que sua saúde estava bastante
delicada. Por isso, ou pelo menos assim é mais fácil de aceitar, Papai do Céu o
levou para alegar ainda mais o céu.
Com
certeza, esse não foi o melhor presente de aniversário (adiantado) que eu pude
receber, de que o grande mestre do humor nos deixou. Porém, durante anos eu e
várias crianças do mundo todo recebemos como presentão os seriados
Chaves e Chapolin. Com as falas de inúmeros episódios decorados, as musiquinhas
na ponta da língua e a risada gostosa quando eu ouvia as mesmíssimas piadas ou
os bordões dos variados personagens, como “Tá bom, mas não se irrite”, “Palma,
palma, não priemos cânico” ou o que eu utilizo uma vez ou outra: “Isso, isso,
isso”. Era muita criatividade para um ser humano só.
Quando
minha mãe, há anos, passava pela sala e me via rindo das mesmas cenas de
Chaves, perguntava: “Qual é a graça de ver a mesma coisa sempre?”. E respondo:
toda. Humor bobo e ao mesmo tempo inteligente, sem apelação, ironia, sarcasmo,
nudez, palavrão... Roberto Gómez Bolaños foi e é tão gênio, que raros foram àqueles
que conseguiram produzir um programa ou seriado humorístico do nível parecido
aqui no Brasil. “Zorra Total” é um exemplo e tanto disso. Uma forma totalmente
contrária da divertida proposta de Bolaños. Os brasileiros, parece-me, pouco
aprenderam com ele.
Completei
25 anos e já devo ser um adulto, apesar da alma de criança. Mas os adultos,
para mim, continuam sendo seres esquisitos, que complicam muito algumas coisas.
Roberto Bolaños, por exemplo, teve desavenças com Maria Antonieta de
Las Nieves, e com Carlos Villagrán, a Chiquinha e Quico, respectivamente, do
seriado “Chaves”, e um dos motivos era que Bolaños queria somente para ele a
autorização do nome dos personagens e passaram anos sem manter contato. Ambos foram,
inclusive, vetados pelo próprio Bolaños de uma homenagem feita a ele pelos 40
anos de “Chaves” no canal Televisa. Chaves, Chiquinha e Quico, vale lembrar,
também aprontavam umas e outras um ao outro e nem por isso deixavam a
amizade de lado. Maria Antonieta e Carlos Villagrán, após a morte de Bolanõs,
lamentaram e disseram lembrá-lo como um “amigo” e um “familiar”[1]. Ou
seja, tais brigas acontecem sempre com os melhores amigos e nas melhores
famílias[2]. A
lembrança sempre será a das melhores.
Infelizmente, não tive
a oportunidade de conhecê-lo. Então, eu agradeço em oração ao Roberto Gómez Bolaños por suas belas criações. Ele se foi, mas deixou conosco seus filhos. Ou
seja, Chaves, sem querer querendo ou não e com muita paciência, ainda está vivo
e ainda podemos contar com a astúcia ou se aproveitar da nobreza de Chapolin
Colorado. Não nos despedimos deles e nem de seu pai, o Bolaños, porque àqueles
que amamos nunca nos deixam de verdade. Nunca partem. Claro, não tem como
evitar uma lágrima, mas ainda há como abrir um largo sorriso. É só
ligar á TV.
[1] http://televisao.uol.com.br/noticias/redacao/2014/11/29/carlos-villagran-diz-que-ira-se-recordar-de-bolanos-como-grande-amigo.htm
[2] http://home.psafe.com/entretenimento/geral/apesar-da-briga-com-roberto-bolanos-interprete-de-chiquinha-diz-ter-chorado-o-dia-inteiro-a-morte-do-ator-2014120000004787/
Comentários
Para sempre chaves!😐😊
Uma honra ter feito parte da minha infância,programa maravilhoso.
Nunca vou me esquecer dele e ainda também tem o mesmo nome do meu pai =)
Vai com Deus querido Roberto! Obrigada por nos presentear com seu humor.
Pra sempre nosso Chavinho Isso,Isso (L) *_*