Análise: E os outros? O que eles têm a ver com isso?
Com
isso o quê? Ora, com tudo que nos cerca. Se há algo que não admitimos é que os
outros deem palpites em nossas vidas. Há àqueles, no entanto, que se importam
demais e mudam seu comportamento em detrimento disso. Mas também há pessoas que já estão exaustas
e deixam claro que não toleram a opinião alheia. A vlogueira Luisa Borsari, do
canal no youtube O Lado Bom, é um exemplo. No vídeo “Como eu cuido da minha aparência!”
ela desabafa para seus seguidores, declarando que se veste e se maquia como
prefere e aconselha a agirem como ela: ignorar o julgamento da
sociedade e viver como lhe faz bem. “Tanta gente faz dieta louca pra ficar
dentro de um padrão que amanhã pode mudar, e sempre vai ter alguém reclamando.
(...) As pessoas não têm que julgar as outras por nenhum tipo de aparência”, assegurou. O
vídeo predomina a aparência física, mas essa temática pode ir muito além disso.
“O
inferno são os outros”, citação do filósofo Jean Paul-Satre (1905-1980), é uma música do
grupo Detonautas Rock Clube. A letra[1] trata
de um personagem que chama a atenção da pessoa amada por ela ter optado dar
ouvidos aos outros a ter mantido uma relação afetiva com ele. O narrador a questiona
por ela depender muito da opinião das outras pessoas em relação à aparência e
que ouvir somente a essas pessoas faz com que a liberdade de ser ela mesma entre em
crise, como no verso “Do que adiantaria essa tua ideologia/ se a tua própria liberdade
se transformasse em opressão?”. Um pequeno trecho, talvez o mais interessante,
é quando o personagem a sugere: “Escute meu silêncio”. Isto é, a amada ouve
tanto a opinião do próximo, que só o que ele a daria é o seu silêncio, que às vezes tem mais a dizer de construtivo do que os demais. “O inferno são os outros” é um “eu
te avisei” aos que preferem dar bola para quem pouco se importa conosco e não
dá a mínima a quem realmente nos valoriza.
Uma
canção que também se encaixa nessa discussão é “Máscara”[2] da
roqueira Pitty, um dos seus hits mais críticos. Metaforicamente
falando, essa máscara é a maneira de como as pessoas se escondem, não mostrando
quem elas são de verdade por temerem a reação negativa do meio social. Em máscara,
“ninguém merece ser só mais um bonitinho/ nem transparecer, consciente,
inconsequente/ sem se preocupar em ser adulto ou criança”. Independente de como
a pessoa se veste, do que ela curte, do que ela usa, de quem ela gosta, enfim, de
seu perfil, a pessoa deve ser como ela realmente é, sem se preocupar com algum
tipo de estereótipo ou como será julgada. Mesmo porque, ninguém tem o direito de julgar ninguém. Todo mundo tem um dedo podre, um
teto de vidro. Todo mundo é bonito e interessante do jeito que é. Então, como
diz o refrão de canção”: “O importante é ser você mesmo que estranho/ seja você
mesmo que seja bizarro”.
“Cada
um veste o que quer ou faz um regime ou não. Eu, por exemplo, decidi mudar a
minha alimentação, torná-la mais saudável. Mas essa é minha escolha, não porque
tenho que estar dentro dos padrões de uma sociedade”, pontou Luisa Borsari, em
seu vídeo. Na verdade, desde que nascemos, nós já recebemos influência dos
outros, não em relação à opinião em si, mas ao discurso, nos hábitos, que vem
dos nossos pais, tios, avós, e nós nem percebemos. Mas nesse caso é diferente. É
a intersubjetividade, ou seja, as relações entre os indivíduos. É necessário
vivermos em comum com outras pessoas, que haja troca de ideias; é importante
estar em um meio social. Porém, é crucial que isso não nos afete por completo,
que não interfira em nossas escolhas e muito menos em nossa personalidade. Se formos nos
prender nos julgamento alheio, vamos nos prender em nossa própria solidão e não
seremos quem realmente somos. Não teremos a liberdade e autenticidade que deveríamos
ter, de fato. Manter relação com o outro é preciso, no entanto, é melhor que
haja discernimento para que você possa ser sincero, acima de tudo, com você
mesmo. Desse jeito, a vida ficará de boa na lagoa.
Acessem o blog da minha amiga Luisa Borsari:
http://ladobomoficial.blogspot.com.br/
Textos
eletrônicos
http://filosofiaecoisasdavida.blogspot.com.br/2010/07/um-dos-temas-filosoficos-que-mais-me.html
http://letras.mus.br/pitty/80314/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alteridade
Comentários
Tema pertinente e interessante, a individualidade e a coletividade, um embate constante e eterno na vida de cada um.
Até que ponto a coletividade pode influenciar minha individualidade, e até que ponto minha individualidade interfere no coletivo? Saber conviver com os demais, sem ofender nem chocar e, ao mesmo tempo, ser fiel a si mesmo, é uma luta.
Felizmente há pessoas iluminadas como a querida Lu Borsari, que dá dicas de como ser feliz respeitando a si mesmo e aos outros. Não conhecia nem o blog nem a blogueira, e desde já fiquei encantado com sua simpatia e espontaneidade. Lu, vc acaba de ganhar um novo fã!
Ah, as músicas que acompanham a postagem, como sempre, bem legais. Keep up the good work, Mr. Victor! o/
Essa matéria foi sensacional para mim pq me identifiquei com ela já senti e sinto até hoje na pele o julgamento das pessoas sobre minha aparência. Mas, quer saber? Tô nem aí. Sou assim mesmo e quem quiser gostar que goste. Mas é preciso ter amadurecimento e personalidade para não ligar para os comentários e julgamentos de outras pessoas.
Victor, vc é o CARA. Te amo.
Vou lendo teu texto, depois paro pra escutar a musica e tudo se encaixa, tudo se esclarece, tudo se explica.
Muito bom esse tema cara.
Vale a pena refletir mesmo..
Muito obrigado pelo otimo texto.