Crítica: O Carnaval de uns poucos e muitos
Séries,
leitura e escrita. São nessas três belezuras que se resume meu Carnaval de 2016
e eu, acredite, não estou achando ruim; e acho que o motivo está nos momentos de
farra que tive em Breves, no fim do ano passado. Porém, estou assistindo, pela
TV, os foliões se desembestando na avenida e, também, lendo algumas notícias na internet sobre essa temática,
mais precisamente no site da Uol, e tem umas que me chamaram bastante
atenção. Alguns artistas do meio opinaram sobre uma coisa ou outra, mas certas
declarações foram bem questionáveis.
Para
começar, a cantora Márcia Freire (uma das ex- vocalistas da Banda Cheiro de
Amor, foto abaixo), que retornou à folia após oito anos, em entrevista, criticou
a invasão da mistura de ritmos no carnaval baiano. Para ela, é preciso
valorizar a cultura da Bahia. “Quando vamos cantar forró no São João, ou
fazemos um trabalho com esse foco, ou não entramos no mercado. Acho que essa
abertura não é legal porque toma o nosso espaço”, declarou para a Agência de
Notícias de Salvador. Isso não faz diferença alguma para quem não curte
carnaval, mas para quem gosta, como eu, vai ficar balançado com o que Márcia
Freire disse.
De fato,
há dois ritmos musicais vinculados ao carnaval: samba, com suas marchinhas ou
não, e o axé music, que já arrasta a swingueira junto. Há quem prefira ouvir o
próprio axé e reclama quando uma banda toca sertanejo ou forró, embora não
seja de hoje que músicos desses gêneros vêm tendo espaço em cima do trio
elétrico, nem que seja para fazer participação especial. Contudo, nesse ano
temos o amado e odiado Wesley Safadão, que esteve arrastando a galera na noite
de ontem, 05, e o bloco da Preta (Gil), que tem um repertório totalmente
misturado, também é um sucesso na avenida. Para Márcia Freire, o carnaval tem
que ser “reestruturado e reavaliado”. Será? Apesar de não me animar com “Lepo
Lepo” (Pisirico) e menos ainda com a tal “Paredão Metralhadora” (Banda Vingadora),
não concordo muito com a ex- vocalista da Banda Cheiro de Amor, afinal, o
Brasil por si só é rico em música e o que faz do carnaval atraente e divertido
é a alegria e a mistura de ritmos. O axé e seus artistas nunca devem ser
deixados de lado ou substituídos, até mesmo porque perderia o sentido, mas
acredito que um acréscimo de um outro gênero enriquece e fortalece o carnaval baiano. Mas para isso, os cantores e bandas do axé precisam nos trazer mais hits para conquistar o público, produzir, divulgar e tocar músicas novas, e não deixar por conta somente de Ivete e Claudia Leiite, senão, realmente, perde o espaço...
Como
opção para em quem curte o carnaval baiano dentro de casa, temos a cobertura
do “SBT Folia” e do “Band Folia”, e para quem se empolga com samba do Rio, o
Carnaval é da Rede Globo, com seus desfiles de escolas de samba. Mas uma
notícia me fez rir um pouco porque apenas constatou algo que eu já sabia: “Sem
novidades, Carnaval da Globo é chato e termina em zero a zero”; ou seja, é
sempre a mesmice de todo ano e a cobertura não colabora, transforma tudo num
tédio e audiência, como diz uma música Arerê, de Ivete Sangalo, “cai, cai, cai,
cai, cai pra cá”. Uma outra manchete, no entanto, me veio como uma novidade, e
das tristes: “Casos de feridos em brigas mais que dobra no Carnaval de Salvador”.
Infelizmente, de acordo com a reportagem, já são mais de 188 pessoas atendidas
pelas unidades de assistências à saúde que estão instaladas nos circuitos do
Carnaval da cidade com um problema em comum: traumas na região da boca, maxilar
e rosto; no ano passado contabilizados 78 atendimentos. Lembro quando estou na
avenida e me surpreendo ao chegarmos no fim da festa e vejo que houve pouca
ou nenhuma briga entre os brincantes. Um dia, quem sabe, as pessoas vão
perceber que não precisam arranjar confusão para se divertir.
E agora vou seguir uma das dicas do ator
Marcus Majella, o “Ferndinando” do seriado Vai Que Cola: vou assistir série na
Netflix. Perguntaram a ele quais os tipos de pessoas mais irritantes no
Carnaval e ele respondeu que são, entre tantos, os que ficam reclamando da
festa: “Principalmente nas redes sociais. Se
você odeia Carnaval, deixa o pessoal ser feliz, e não ficar reclamando. Muito
chato isso. Vai assistir Netflix”, sugeriu Majella. Então aproveite o
feriado de Carnaval da maneira que puder, mas aproveite, porque depois voltaremos
à realidade e aí que o povo vai reclamar mesmo.
Referências:
Referências:
http://glamurama.uol.com.br/marcus-majella-nao-gosta-de-carnaval-vai-assistir-netflix/
http://carnaval.uol.com.br/2016/noticias/redacao/2016/02/05/nao-gosto-dessa-invasao-de-ritmos-no-carnaval-baiano-diz-marcia-freire.htm
http://carnaval.uol.com.br/2016/noticias/redacao/2016/02/06/casos-de-feridos-em-brigas-mais-que-dobra-no-carnaval-de-salvador.htm
Comentários
Cada um sendo feliz do jeito que gosta, essa é a real.
E a discussão acerca dos ritmos no carnaval, realmente a mistura e novos acréscimos são positivos, mas não pode perder a marca característica da festa.
E se tudo na vida evolui, pq naum o carnaval tbm?
:)