Conto: Amigos do Crime (Capítulo 3)
Capítulo 3 – O Condomínio
(revisão de texto - Jéssica Katarina)
Estar dentro de um carro usado,
na companhia de quatro assaltantes rumo a mais um crime tresloucava as
sensações mais amenas de Lisandra. Tucano, o dono do automóvel, um homem que
ocupava quase todo o banco do frente com a largura do seu corpo roliço; Lisandra
ao lado dele, no banco de carona, com a sua mochila - e sua faca de cozinha
dentro dela - Osví, Tabaco, e Raposa, uma moça ruiva, quase esquelética, com
pelo menos três tatuagens no corpo e uma boca que soltava dois palavrões a cada
frase. Cada um deles, com exceção de Lisandra e Tucano, tinham as mãos cobertas
por luvas, mas todos vestiam preto, segurava um capuz, que seria necessário
quando entrassem na casa de Selton, e uma mochila de viagem. Lisandra listou
tudo o que os pais do ex de Brícia guardavam no quarto, na sala, na casa toda,
sobretudo, o que havia de valioso e moderno no quarto de Selton. Tudo ficaria
naquelas mochilas de viagem, sendo que uma delas armazenava cordas. O dono da
residência e seus convidados ficariam bem desconfortáveis nelas.
Quando chegarem no
Condomínio Coqueiro Verde, a festa já não estaria lotada. Era o que Lisandra
imaginava e o que Japonês, o outro bandido que foi levado de penetra na festa
do ex de sua amiga confirmava. Havia apenas sete pessoas na casa, contando com
Selton. A garota alegava que seria mais fácil de roubar o dinheiro dos pais
dele. Ela estava ansiosa. Os assaltantes, no entanto, estavam tensos. Durante
todo o caminho quase não conversavam. Estavam com medo que Lisandra fizesse
alguma besteira e atrapalhasse tudo. E também porque ela não parava de falar.
- Osví, seu retardado, por
gentileza, eu posso meter uma bala na cara da sua amiga? – perguntou Raposa, trucidando
Lisandra com o olhar.
- Ela não é minha amiga. –
renegou Osví. – É uma riquinha mimada que pensa que o nosso beco da Rua 8 é a
Disney.
- Não. Não comparem a
Disney com a favela de vocês. – desdenhou Lisandra. Tucano a reprovou
balançando a cabeça negativamente. – Tenho uma curiosidade. Esse carro é mesmo
seu? – ela perguntou a Tucano.
- Sim. Por que? Você acha
que só porque sou pobre não posso ter carro?
- Ah, então ele não é
roubado?
- Não, não é. – respondeu,
segurando a mão no volante firmemente para descontar a sua raiva.
- Mas foi comprado com
dinheiro roubado. – afirmou Lisandra. Tucano freou bruscamente no sinal
vermelho.
- Sim. Comprei com
dinheiro roubado. Passei meses roubando e assaltando pra poder comprar esse
carro usado. Por que? Mais alguma pergunta, senhora burguesinha? – perguntou,
explicitamente irritado.
- Sim, tenho outra
pergunta. – Osví, Raposa e Tabaco suspiraram fundo atrás do carro. – Por que
vocês são assaltantes? Por que vocês não trabalham como as outras pessoas?
Dignamente, quero dizer.
Os pneus do carro saíram
roendo a rodovia, entrando no acostamento. Tucano, com sua cara redonda de
ódio, tirou seu revolver da bermuda e apontou para cima.
- Está vendo isto aqui?
Está vendo?
Lisandra, pela primeira
vez naquele meio, sentiu uma espinhada de medo. Ela assentiu, controlando-se
para não transparecer nervosismo.
- Pois é, garota. Esta
arma aqui é minha ferramenta de trabalho. Às vezes a uso para assustar e outras
vezes para tirar a vida de alguém. É assim que eu ganho dinheiro. É assim que a
minha família me ensinou que se ganha dinheiro. É assim que eu sustento a horrenda
da minha mulher e meus três filhos pequenos. A minha mulher é manicura no salão
de beleza e ganha uma mixaria perto do que eu ganho assaltando as pessoas.
Então, desde que eu leve dinheiro pra casa e continue vivo, ótimo. E meus
filhos não precisam saber o que o pai deles faz. Porque, apesar de eu não achar
ruim o que faço, prefiro que eles arranjem outro método de ganhar dinheiro
quando crescerem.
- Esse método é estudando.
E isso que vocês fazem é crime, não é trabalho. – peitou Lisandra. O medo brigava
com sua indignação. Tucano poderia mudar a direção da arma e mirar na cabeça
dela. Mas as perguntas estavam engatadas. Lisandra ouvia de seu pai todos os
dias suas frustrações por ter que soltar alguns marginais por ordem do juiz,
pela morte de uma família inteira valendo alguns aparelhos domésticos ou
crianças e mulheres violentadas por canalhas. Ele convivia com isso diariamente
e Lisandra sempre quis entender o que se passava na cabeça de um ser humano
assim. O pai dela, o policial Esteban, escolheu essa profissão para retirar das
ruas o que houvesse de marginalidade, porém a polícia era um conjunto e um
conjunto com algumas máfias. Para Lisandra e seu pai, os assassinos,
estupradores e ladrões não tinham nem direito de serem considerados humanos. –
Isso não é trabalhar. Você tira dos outros, e de forma violenta, para sustentar
sua família. Por que você...
A fúria dominada no rosto
de Tucano. Ele mirou a arma na testa de Lisandra e a ameaçou.
- Lisandra. Seu nome é
Lisandra, não é? – ela balançou a cabeça afirmativamente. – Agradeça ao seu bom
Deus que você tem contatos naquela casa que vamos assaltar e por ter vindo com
nosso amigo Osví. Porque se ele é um verme e não tem coragem de matar uma
mosca, eu tenho. A minha bala vai atravessar a sua testa e vai ser a última
coisa que você vai sentir nessa sua vida mesquinha. Então você vai ficar de
boca calada até chegarmos nesse maldito condomínio, entendeu, garota?
Num instinto de insanidade
e bravura, Lisandra afastou a arma com um único dedo e respondeu “Entendi”.
Nenhum dos três no banco de trás se pronunciou até chegarem no Condomínio Coqueiro
Verde. Os olhos de Lisandra lutaram contra suas próprias lágrimas. Seus pais,
tios ou nenhum outro adulto a tratou daquela maneira. Eles não estavam ali para
defendê-la e Osví também não faria isso por ela. Mas ainda assim, Lisandra não
queria os pais por perto. Se estava no mundo do crime e ao lado de quatro
criminosos, ela também não se faria de inocente. E se perguntou por que Tucano
chamou Osví de verme que não tem coragem de matar uma mosca. Ele não era um
assassino?
Ao se aproximarem do
luxuoso Condomínio Coqueiro Verde, Tucano reduziu a velocidade do automóvel. O
condomínio ocupava o quarteirão todo, era como um outra cidade dentro de Poço
dos Olhos. Selton, junto com seus pais, era dono de uma concessionária e não
passava dificuldade financeira. Brícia, uma professora de Matemática que já
terminava um mestrado na área de estatística, terminou o namoro porque ele não
reservava o tempo para ela, dando mais espaço ao trabalho. O luxo e conforto,
sendo assim, eram uma das prioridades na vida de Selton. O exemplo disso era o
casa onde morava. Tucano entrou lentamente na portaria e baixou vidro para que
o porteiro enxergasse Lisandra. Era um rapaz moreno e sorridente, usando um
uniforme azul, da cor do letreiro do condomínio. Lisandra o conhecia. E ele a
reconheceu assim que viu seu rosto.
- Lisandra! Há quanto
tempo! – sorria radiante, acenando para garota.
- Oi, Rui! – numa falsa
animação! – Como você tá?! Ah, Feliz Natal!
- Pra você também! Aceita
um pedaço? – Rui ofereceu a ela uma fatia de bolo num pratinho de plástico.
- Não, obrigada. Eu e meus
amigos viemos pra festa do Selton.
- Vieram? Mas já está
quase no fim. – mastigando o bolo. – Já são quinze para as quatro da manhã.
- É, eu sei. Ele sabia que
a gente ia se atrasar.
- Tá, mas... – Rui
verificava uma caderneta de papel. – Não tô vendo seu nome aqui na lista,
Lisandra. Nem a dona Brícia ele chamou. Você tem certeza que seu nome tá aqui?
Lisandra foi pega de
surpresa com a lista de presença dos convidados de Selton. Tucano a cobrou com
o olhar amedrontador.
- Ah, mas ele me convidou
hoje à noite. Deve ter se esquecido de colocar o nome na lista. Ah, por favor,
Rui, deixe a gente entrar, ou o Selton vai reclamar no meu ouvido depois.
- Tudo bem. Só me dê o RG
de vocês e podem entrar. – pediu, tentando verificar se ainda havia mais alguém
no banco de trás. Os acompanhantes viraram o rosto para Lisandra. Ela estava
sem saída. Ou quase sem. Lisandra deu um tapa nas costas largas e cheias de
banha de Tucano e entregou o RG para Rui.
- Tô vendo pela sua cara
que você esqueceu o RG, amor!
- Vocês são namorados? –
perguntou Rui, estranhando a notícia.
- Somos. E depois de meses
juntos ele ainda não aprendeu a andar com o RG dele.
- Mas ele pode me dar a
habilitação. – lembrou Rui. – E os outros amigos de vocês aí atrás...
- Mas eu estou me
referindo justamente à habilitação. Você acredita que quase fomos pegos pelo
DETRAN agora há pouco por isso? Por sorte eu sei decorado o RG e CPF dele.
Anota aí, rápido, Rui!
Números aleatórios foram
disparados por Lisandra. Rui teve que anotar um por, sem ter tempo para fazer
novas perguntas para a garota. Ela desejou Feliz Natal e Feliz Ano Novo e
entraram. Lisandra ouviu uma mão cumprimentá-la no ombro. Era Osví.
- Parabéns, Lisandra. Você
nos safou valendo!
- Era a obrigação dela,
Osví. – retrucou Raposa.
- Ela foi muito rápida.
Nem deu tempo de ele cobrar o RG da gente, aqui atrás. – Osví a elogiou.
- Tá, agora nos leve para
a casa do playboy. – ordenou Tabaco. Lisandra arrumou os cabelos crespos,
sentindo-se mais esperta pelas sacadas ágeis com o porteiro e guiou Tucano até
a casa de Selton. O ex de sua amiga morava na casa número 20, uma das últimas
no condomínio. Era também uma das poucas com as luzes acesas e festa duradoura.
Daquela travessa, ninguém mais festejava o Natal, somente Selton.
Em frente à casa havia
duas motos estacionadas, uma bicicleta fora do cadeado, que Osví achava que
seria de Japonês, e um carro batido na traseira. Era uma casa padronizada, de
dois andares, semelhante às outras, comum no universo de riqueza que Lisandra
vivia. Os pais de Selton penduraram guirlandas natalinas nas janelas, bonecos
de neve de brinquedo do tamanho de uma crianças de 8 anos ao lados da porta e
uma pequena árvore de Natal no cercado. Os ventos deram uma trégua naquela
noite e a deixaram em pé, com as bolas coloridas e estrelinhas intactas. Lisandra
a via como uma casa de boneca de dois andares. Por dentro era ainda mais bonita.
Todos eles saíram do carro e foram em direção à porta. Sabendo que voltaria
para o carro, Lisandra deixou sua mochila no banco da frente. Com exceção de
Osví, os bandidos colocaram os capuzes, Tabaco segurava a sacola pela alça e
sacaram os revolveres.
Lisandra tomou a frente:
- Como já havíamos
combinado, eu e Osví vamos entrar primeiro. – e o puxou pela mão. Osví se
surpreendeu com mais uma atitude inesperada de Lisandra. Ela se sentia mais
segura de Osví a tivesse ao seu lado na hora do assalto. A tração física que sentia
por Tabaco não se comparava ao estranho conforto por estar ao lado de
Osví. – Selton me conhece. Vocês vão ouvir
a porta do andar de cima se fechando e podem entrar em ação.
- Eu não to gostando nada
dessa maluca liderar a gente. – balbuciou Raposa, por baixo do capuz. Uma mão
segurava um revólver na cintura e a outra, a sacola com as cordas.
- Eu menos ainda. Se der
errado... – Tabaco praguejava.
- Não vai dar errado. Ou
eu mato essa garota. – acobardou Tucano.
Ainda com ódio de Tucano,
Lisandra o desprezou. Os três cercaram a casa e Lisandra se posicionou para
tocar a campainha, colada em Osví. Com a mão segura no revólver escondido no
bolso, Osví sussurrou:
- Obrigado, garota.
- Pelo quê?
- Por nos acobertar.
- Você está sendo educado.
– ratificou, admirada. – Que bonitinho. Até os ladrões tem coração. – brincou
Lisandra. Osví bufou de raiva. Ele triscou na campainha, mas não a tocou. –
Antes que eu me esqueça, você tá com seu celular, não tá?
- Tô.
- Então anota meu número
de telefone. – mandou, rapidamente. – Nunca se sabe o que pode acontecer depois
que passarmos por essa porta.
Lisandra adicionou o
número de Osví no celular e ele tocou a campainha. Esperados alguns segundos,
foram atendidos. O forró tocava com intensidade na casa luxuosa de Selton.
Luxuosa, porém bagunçada. Selton não era o único ali. Um rapazinho bem negro e
magricelo se levantou do chão ao ver os dois. Um casal que estava sentado no
sofá não parou com os beijos mesmo com a chegada de novos penetras. Duas garotas
estilo Barbie digitavam freneticamente no celular, também no chão, encostadas
no sofá. E uma garota com corpo de modelo bebia um copo de um liquido
transparente. Deveria ser vodca. Lisandra a reconheceu das redes sociais. Era a
nova garota de Selton. Pela aparência adormecida de cada um e os copos ao lado,
a sobriedade estava distante.
- Feliz Natal, amigo! –
desejou Lisandra, descaradamente. Os dois não se encontravam desde que Brícia e
ele terminaram. A amiga ficou na maior fossa, proibindo-a de entrar em contato
com Selton, embora ambos tivessem uma boa relação de amizade. Os cabelos
cacheados dele estavam saltando da cabeça, seu corpo estava mais forte e um
bafo de cerveja que incomodou Lisandra.
Selton cambaleou ao
corresponder o abraço da amiga de sua ex. Aproveitando a embriaguez do rapaz,
Lisandra foi entrando na casa e trouxe Osví de mãos dadas. Ela o apresentou
como seu amigo, mas quase ninguém ali deu bola. O casal que se beijava
enlouquecidamente necessitava de um motel. As garotas faziam selfies sem supor
o que as esperava dali a alguns minutos. A moça sorriu com falsidade e entrou
na cozinha. O rapazinho frangote e negrinho os olhava com espanto.
A larga mesa de vidro
tinha sobras de comida e doces, com garrafas de cerveja e vodca vazias. Brícia,
durando o namoro deles, sofria com as guloseimas de chocolate que a sogra
fazia. A amiga tinha alegria a chocolate. Era uma tentação comer na casa do
namorado.
Alguns porta-retratos em família
na estante, com uma imagem da irmã mais velha de Selton, a estilosa Maria, em
tamanho quase real, um pôster. O crucifixo de Jesus Cristo emadeirado no centro
da parede lembrava que somente os pais de Selton eram os religiosos. A árvore
de Natal da sala era verde, com pontas brancas, pisca-piscas brancos e ume enorme
estrela dourada na ponta. O cenário natalino enfraqueceu-se, mesmo com seu
brilho, na presença dos jovens alcoolizados, tarados e entediados da casa.
- Essa aí é a garota eu
você tá ficando? – Lisandra perguntou no ouvido dele, olhando em direção à moça
que entrou na cozinha.
- Sim, mas... – tentando
retornar à sobriedade, perguntou: - Quem é esse cara? Ele é meio esquisito.
Osví sorriu com malícia,
bagunçando os cabelos loiros.
- Ele é um amigo meu...
Tá... A gente tá ficando. – inventou de última hora. A expressão de Osví
confirmou que ele não gostou nada da ideia, porém não teve tempo de protestar.
– Vamos no seu quarto, que eu tenho que te contar uma coisa.
- Contar o quê? Por que
você não conta aqui? – Selton perguntou, tonto. – A Anitta não vai gostar de me
ver com você. – murmurou, rindo feito um tapado.
- É serio isso? O nome
dela é Anitta? – Osví perguntou, querendo rir. Lisandra teimou, argumentando
que Brícia tinha intenções de ficar com ele novamente. Apesar de não acreditar
no que ela dizia, foi convencido a subir, com a ajuda de Osví. Selton estava
cambaleando de bêbado.
- Ah, mas não se espantem
se vocês verem... – Selton soltou um arroto enquanto subia a escada –
Desculpem. Pois é. Tem um amigo meu se agarrando uma amiga minha no meu quarto.
Não vão se espantar.
- Já vi cada coisa hoje...
– comentou Lisandra, em frente à porta. Selton tirou o chaveiro do bolso e
colocou a maior chave na fechadura. Antes de abrir a porta, Selton disse a
Lisandra:
- Acho que você conhece o
cara.
Selton abriu a porta e
deram de cara com um casal dando uns bons amassos na cama dele. A colcha de
cama estava quase no chão, o travesseiro já jogado. O rapaz descamisado estava
por cima da moça, com as mãos por baixo do vestido dela, com os seus lábios
claros enrolados nos lábios escuros dela. Os cabelos longos e crespos, um
barriga lisa, lembrava Lisandra. E o rapaz, loiro, com os cabelos curtos, de
corpo forte, era alguém que a pequena burguesa não via havia muito tempo, mas o
reconheceria mesmo de longe. O primo que pensou ter viso na sua casa devorando
o peru de Natal.
Era Vicente, seu primo.
Seu primo de verdade.
- Vicente?! – ela fechou a
porta.
Osví sacou a arma e
apontou para os três, que imediatamente levantaram as mãos para o alto.
- É um assalto, playboy!
Perdeu, perdeu!
Selton recobrou a
consciência com as mãos para cima. O porre passou num quebrar de vidros. Lisandra
ouviu uma gritaria vinda do andar de baixo, mas os gritos foram abafados no
mesmo instante. O assalto no andar de baixo foi anunciado.
- Lisandra? – Vicente a
reconheceu, com as mãos para cima e o botão aberto da calça comprida. O batom
da moça manchado na boca de Vicente. O tremor estiraçado na sua cara. – Você tá
com ele?
- “Lisandra” o caralho,
maluco! – Osví, agindo como um verdadeiro delinquente deixou Lisandra
embasbacada. Só então havia caído a ficha da confusão que ela se meteu.
Comentários
hahahahahaha
Lisandra queria uma aventura, mas conseguiu muito mais do que isso - e parece que apenas agora está começando a perceber a real dimensão de seus atos.
Pq um conto tão bom não tá recebendo tantos comentários? affff