Crônica: Dez dias em Jampa
Dez dias em João Pessoa. Paraíba,
Nordeste. Minhas férias iniciaram num clima calorosamente aconchegante, no
urbano pacato e em novas companhias. Sem Breves ou Santana, sem
familiares de sangue. Fiquei na casa de um dos meus melhores amigos, o
Humberto Filho (HF, o Betinho). Uma experiência necessária. Em vários sentidos.
Somente dois anos após ingressar na
Universidade Federal do Pará estou tendo férias de verdade. Um repouso mais que urgente, não apenas no sentido acadêmico. Belém me sufoca. A quentura
torrante, a cidade enérgica, o prédio onde moro, os atividades do estágio... Tudo me
sufoca. Porém, logo no fim de tarde do
meu primeiro dia em João Pessoa, ao assistir as ondas nocautearem nas pedras da
Praia do Bessa, com o vento deslizando nos meus cabelos, fechei meus olhos e
agradeci. Permiti que o vento levasse todo o peso embora. O calor de
Jampa não fritava como aqui em Belém. As praias não têm quilos de sal e as
ondas são mais tranquilas... Me joguei nesse abraço.
As praias de João Pessoa pareciam não
ter fim, na beleza, na paz, na imensidão. O melhor, HF morava a dois quarteirões da Praia do Bessa. Um sonho! Na minha primeira manhã em
Jampa, tomamos uma cerveja no Fullano Praia, confortável, chiquérrimo (tem até ar-condicionado no banheiro!), um luxo, um preço
de levar um rim. Rebolei minha bunda seca na Boate Empório Café em duas noites distintas: na minha chegada e na despedida; fiz propaganda
no Instagram à Hamburgueria Insano para ganhar desconto de 10% - e valeu a pena, porque o hambúrguer estava estupendo e um atendente super gente boa; me vesti de
moça para pular Carnaval no Bloco das Virgens; vi show do Alceu Valença no Bloco das Muriçocas; gastei uns cem reais com
lembrancinhas no Mercado de Artesanato da Paraíba; admirei o pôr-do-sol na
Praia do Jacaré; conheci a belíssima Igreja de São Francisco, tomei sorvetes gostosíssimos nas duas vezes que fui à sorveteria Due Amori; passei mais de
uma hora ajudando o indeciso do meu amigo a escolher uma roupa nova no Manaíra
Shopping...
E as pessoas? No Empório, conhecemos Flávia Donato,
uma ruivinha linda; a Janaína Hudson, esbeltíssima, que nos tacou glitter na cara e recebeu o apelido
de Maravilhosa porque HF não lembrava o nome; a Dayane Cabral, uma carioca ruivissimamente gata e adorável que atuou em “O Rei Davi” (Rede Record) e adorava quando eu soltava um
“égua!”; Denise Caroline, prima da Daiane, modelo gatíssima e estudiosa, saiu cedo do Carnaval porque tinha aula no dia seguinte - palmas para ela; Jamile Condes, que
teve toda a calma e paciência pra me ensinar a dançar forró; Maiahnna Araujo, que
dançava com quem parava na frente dela e gostava dos doces de cupuaçu, Danielle Matias,
amiga dela e a mais louca de todas... E os parentes de HF? O pai
dele; a afilhada arretada Susi; a prima Jéssica que gastou uma hora se
maquiando pra um rolê bem bagaceiro; o Pepe, marido dela, o único entre ela e
HF a não passar mal depois de experimentar a cachaça de jambu que levei e a filhota do casal, Ana Lívia, que chegou dodói e terminou se jogando na piscina do prédio. E,
principalmente, a mãe e a tia dele, tia Iris e Ivani, respectivamente, que me
trataram como um príncipe, me levando pra conhecer pontos turísticos, me dando
presentes, fazendo comida, cuidando de mim quando a gastrite atacou e sendo as mais gentis de todas.
Agora lhes pergunto: vocês acreditam em
amizade virtual? Bem, lá por 2004, através do flogão (sim, sou do tempo do
flogão, me respeitem), conheci Humberto Filho, o Betinho, de Patos, da Paraíba.
Em pouco tempo, nos tornamos melhores amigos, irmãos. Nos falávamos toda santa
noite. Por não ter nenhum melhor amigo, ele era a minha maior referência de amizade masculina. Em 2009, minha mãe,
minha irmã e eu fizemos uma excursão pelo Nordeste. Meu amigo virtual e eu nos conhecemos pessoalmente
na manhã do dia 10/01/09 e curtimos, também, a madrugada juntos, ao lado de outros
amigos dele. Porém, só agora tivemos a chance da convivência, de um contato
pessoal maior, mais forte. Era algo novo, de uma proximidade antiga, mas de
intimidade recente; de um companheirismo e cumplicidade velhos. No todo, nem
parecia que num período de 14 anos, era a primeira vez que estávamos convivendo juntos, bebendo cerveja, comendo hambúrgueres e tomando banho na praia...
Pra terminar, admito: desde a minha primeira noitada em Jampa com Humberto Filho, no Empório Café, eu
já sofria pela saudade que sentiria dele. Por sairmos quase toda noite para
lancharmos em algum lugar novo; por discutir pra saber quem pagaria a conta;
por experimentar roupas femininas para usarmos no Bloco das Virgens; por trocar
uma farra por horas conversando durante a madrugada; por ouvi-lo falar da
residência que fará em Caicó, dos carnavais passados, dos @s; dos segredinhos
compartilhados; por sentar de frente à praia, tomando água de coco e ouvindo as
mesmas canções da época em que nos tornamos amigos virtuais. Agora Betinho e eu já não
éramos mais amigos virtuais, ou “admiráveis estranhos”, como diz uma música da
Banda Suricato. A sintonia entre nós dois era esbanjada, tanto que as pessoas confundiam e perguntavam se estávamos "juntos" e/ ou como nos conhecemos. A melhor sensação era acordar, olhar para o lado e ver
o meu melhor amigo dormindo pesado, com a bundona pra cima, a cara toda
amassada, com o sol cobrindo as costas sardentas dele. O ruim disso tudo é que ele é meu único amigo tão antigo e tão íntimo, e a vida
nos uniu distantes, mas já aceitei que só assim faz sentido, esse é o
diferencial da nossa amizade. Ou seja, talvez ele ainda seja a minha maior referência de amizade masculina, ou uma das raríssimas; talvez se morássemos na mesma cidade o nosso laço de amizade não seria tão sólido e peculiar. Mas que eu to sentindo uma saudade do caramba do
Humberto Filho, ah isso eu tô!
Comentários
E que cada vez mais a amizade de vocês só cresça e se fortaleça.
Muito linda a foto de vcs! Sei o quanto essa amizade significa pra você, e fiquei extremamente feliz em saber que dessa vez vcs curtiram mais do que algumas horas juntos.
Essa foi a primeira viagem de muitas. Espero que da próxima vez o Betinho possa vir te visitar em Belém, e aí a gente o leva pra curtir a noitada em outro Café, fazendo Arte! hahahahaha xD
Que Deus abençoe cada vez mais essa amizade.
Tudo de bom hoje e sempre!
Adoro o que vc escreve sempre. Bj