Curiosidades: As "putas" e os "putos" na MPB
Hey, seus
lindos! Bora falar de putaria? Caalma! Eu não sei falar disso, não... A
putaria a que me refiro é no sentindo musical. Afinal, as canções nacionais não
tratam somente de grandes amores. Vamos conhecer três delas:
Chico
Buarque compôs umas trocentas canções com o eu-lírico feminino. Uma delas é Folhetim, de 1978. Foi uma das
17 encomendadas para a peça Ópera do
Malandro. Na peça, Duran e Vitória administravam vários bordeis; e
Teresinha, filha deles, volta do exterior e se aproxima de Max, um ambicioso
contrabandista, para, juntos, construírem um empreendimento moderno e ir contra
aos negócios do pai. Ao compor Folhetim,
Chico já imaginava na voz de Gal Costa, que a gravou no álbum Água Viva. A personagem é uma
prostituta e isso é percebido nos primeiros versos: Se acaso me quiseres/ sou dessas mulheres que só dizem sim. Mulher
que dorme com homens em troca de dinheiro, que na hora do sexo o fará todas as
vontades, irá enaltecê-lo, mas na manhã
seguinte já não vales nada/ és página virada descartada do meu folhetim.
Luiza Possi, Nara Leão, Maria Eugênia também regravaram esse clássico. A atriz
Luana Comparato declamou Folhetim no canal Toda
Poesia, nos proporcionando uma oportunidade diferente de obra de Chico.
O cantor
brega Odair José, também conhecido como “o terror das empregadas”, lançou Eu vou tirar você desse lugar,
em 1972, e se tornou sucesso absoluto. Na verdade, se dependesse do produtor
Rossini Pinto a música não teria chegado ao público. Em entrevista à revista “Showbizz”,
o cantor relatou que criou a canção enquanto caminhava do estúdio de gravação da
CBS à sua casa, aos 21 anos. O produzir bravejava: "Essa música de puta, não! (...) Você vê o que o Roberto Carlos faz? Beijo no cinema, deixa a garota no portão, eu te darei o céu! Isso é o negócio!". Mas Odair José queria lançar a música de
puta. A música é de eu-lírico masculino, conta à garota que só visitava “aquele
lugar”, no início, para se distrair, mas com tempo foi porque sentia falta dela
e promete, no refrão: Eu vou tirar você
desse lugar/ eu vou levar você pra ficar comigo/ e não me interessa o que os
outros vão pensar. O personagem se declara apaixonado pela garota de programa
e assegura que o caso deles dará certo. Eu
vou tirar você desse lugar foi gravada por Reginaldo Rossi, Lázaro Ramos, e numa pegada pop rock, moderna na versão de Los Hermanos e Paulo Miklos, as
quais aproximam dos fãs da nova geração.
Mas quem
disse que só temos putas aqui? Há um puto-putíssimo em uma canção e, também,
fora dela. Garoto de Aluguel (Táxi
boy), do álbum A Peleja do Diabo
com o Dono do Céu (1979), de Zé Ramalho, é autobiográfica, de acordo com o
livro “A História Sexual da MPB”, de Rodrigo Faour, e com a entrevista para o
site Isto é Gente, em 2002, não era somente o personagem que vendia o corpo. O
autor também. “Na época da ditadura. Havia garotas que iam ao show a fim de transar com o artista, ou com os músicos do artista, ou com qualquer aficionado. No outro dia dormia num quarto de motel, elas tinham pena da gente e davam um troco pra refeição", explicou o cantor. Minha profissão é suja e vulgar/ Quero um pagamento para me deitar/ Junto com você estrangular meu riso/ Dê-me seu amor que dele não preciso... são uns versos dessa canção. Garoto de Aluguel (Táxi Boy) entrega o narrador e, nesse caso, o autor, como um prostituto. Zeca Baleiro, Leonardo, Mazzeron e Ana Muller também cantaram esse hit.
O último puto do Curiosidades é da banda Herva Doce, de 1985, com a música Amante Profissional, composta por Roberto Lly. A letra descreve todas as qualidades do rapaz que trocará o seu belíssimo corpo por dinheiro. Ele é moreno, alto, bonito e sensual, e talvez seja a solução pros meus problemas. Porque o negócio dele é amor sem preconceito, sigilo total, sexo total, do amante profissional. Ele é que tá certo! Pagando bem, que mal tem, né, viado?
Comentários
Já deu pra perceber que vc vai ser desses professores antenados que vão ensinar Língua Portuguesa usando música e clipes em sala de aula.
Essas eram as melhores aulas q tínhamos no Sophos, mesmo.
Victor sempre ahazando, "Né viado?" hahahahahahaha