Crônica: No braço e no peito
Pode
parecer besteira, mas eu nunca gostei do meu corpo; na verdade, percebi,
logo na pré-adolescência, que eu tinha os peitos semelhantes aos de garotas,
como dois seios. Era um aumento significativo nas mamas masculinas, o que me incomodou
a vida toda. Desde então, eu sonhava em arrancar isso de mim, me sentia
feio: por isso eu não gostava de ficar sem camisa em lugar nenhum, não usava
roupas claras, nem frequentava piscina/praia, usava duas camisas (apesar do
calor) e era um dos motivos que enfraquecia bastante minha autoestima. Esses "peitinhos" me roubavam a segurança em relacionamentos amorosos e, sobretudo, sexuais.
Somente
aos 33 anos, descobri que esse aumento nas mamas masculinas é comum e tem nome: ginecomastia, além de ter cirurgia (pesquise para saber melhor). Minha mãe, fodástica como sempre, me
deu o maior apoio para a retirada das mamas numa cirurgia de forma particular.
Em agosto deste ano, fiquei “despeitado”, porém ainda tô longe de amar meu peitoral e me considerar um gatíssimo. Tô ainda mais focado na
musculação e, de fato, tô, aos poucos, gostando mais de mim, do meu corpo. O curioso é
ouvir das pessoas: “Nunca percebi isso em ti” ao me referir às mamas. O fato
era que eu notava, eu detestava e, graças a Deus, foram arrancadas do meu peito.
No fim
de outubro de 2023 realizei outro desejo antigo: me tatuei. Há anos eu dizia
que se o fizesse, homenagearia meu irmão Luciano, que faleceu aos 6 meses de
vida, antes de eu nascer. Contudo, o vínculo com o meu sobrinho/afilhado Max Luís
(11 anos) é tão forte, genuíno e único que decidi: a primeira tatuagem seria a ele.
Pensei na data de aniversário dele, 13/02. Agora vejam isso, jovens: a Ivna,
minha irmã (25 anos) – meu pedido ao Papai Noel aos 7 anos – dá a volta no
calendário no dia 16/02, três dias após o Max. Ou seja, por que não pôr no meu
braço direito uma dupla demonstração de amor?
Renan
Melo é formado em educação física e um dos professores da UP Fit Academia (onde malho), além
de tatuador. Ele que tatuou o “12 02 16” no meu braço direito. Eu adorei! Ficou
liendo! Renan ainda tava na metade do processo e eu já pensava na próxima
tatuagem (ai siem será sobre o Luciano). Pra Ivna, foi uma surpresa: só soube
mesmo no dia que iria ser tatuado; Max, no entanto, já sabia, pois a caligrafia é
dele e o coraçãozinho no "02" foi ideia da Betânia (Bê), minha amiga e avó do meu
tiozinho. Ela pediu que ele escrevesse de três formas: "13.02.16", "13/02/16", mas
a versão que mais gostei é essa que tá no meu braço.
Falando ainda sobre meu corpo, em fevereiro deste ano ainda retirei a vesícula. Era muita dor e muitas pedras na vesícula! E, detalhe: a minha cirurgia foi no dia 16/02, aniversário da Ivna, tadinha! Pois é... a ginecomastia não pode ser retirada por completo, o médico avisou. Mas o resultado me deixou feliz pra porra! Agradeço à mamãe quase todo dia por isso. E, claro, ainda é um processo de me olhar no espelho e gostar do meu peito; e a musculação tem ajudado bastante nesse sentido, senão nunca, jamais que faria uma foto que nem essa aí embaixo e muito menos postaria aqui. Sobre a tatuagem, quero mais uma... e mais outra... Já tenho umas ideias em mente... Serassi eu fecho o braço?
Comentários