Entrevista com Rodrigo Faour, autor de "História Sexual da MPB" (parte 1)
O entrevistado da vez para o blog “Outras
Palavras” é o jornalista, escritor, produtor e pesquisador musical Rodrigo
Faour, autor do livro “História Sexual da MPB - a evolução do amor e do sexo na
canção brasileira” (ler resenha do livro clicando aqui). Rodrigo Faour também
já passou pelo rádio, com “Sexo MPB”, na MPB FM e já comandou o programa de
televisão no "Canal Brasil" com o mesmo nome do seu livro. E o que o levou a
produzir o “História Sexual da MPB” foi “uma
vontade de entender melhor o comportamento da nossa sociedade através dos
tempos pelo viés da música brasileira, que é a nossa marca cultural mais
expressiva, dentre todas as artes”.
Rodrigo Faour
admitiu que, durante a produção do livro, perdeu uma série de preconceitos musicais e passou a entender melhor
parte da música chamada “brega” e “popular”, de um modo geral. “Vi que não é tudo, mas uma parte desse gênero tem pérolas
escondidas, algumas até muito libertárias, e ainda acho que uma outra parte
ainda é bastante conservadora e machista. Gostei de mergulhar no passado distante,
encontrar as primeiras menções à homossexualidade numa cançoneta dos primeiros
anos do século XX, de como as nossas letras eram tristes e culpavam a mulher
por tudo de errado nas relações amorosas, de ver uma semelhança do preconceito
das classes mais abastadas com o maxixe se repetindo 100 anos depois com o funk
carioca”, disse o autor, que define o livro como uma espécie de doutorado
informal em música brasileira.
“História sexual da MPB” também pôde ser
acompanhado como um programada de televisão, no canal fechado “Canal Brasil”. Foram
26 episódios em 3 temporadas, com cerca de 50 entrevistados dos mais variados gêneros
musicais; da velha guarda ao pop/rock/funk. Para Rodrigo, foi um sonho
realizado: “Ter todos eles falando dos temas que eu propunha, sem nenhuma
intenção de divulgar um novo CD, show ou DVD (o que ocorre na maioria dos
programas musicais) foi uma honra. Creio que fiz história com este programa,
pois é a primeira vez que se fez um inventário de comportamento, sexualidade e
MPB na televisão”, contou o jornalista, ressaltando que de 2009 até o ano
passado, entrevistou alguns artistas que já se foram, como Ademilde Fonseca,
Miltinho, Jorge Goulart, Roberto Silva, Wando, Jair Rodrigues e Dicró. “Ou
seja, mesmo sem querer, fiz história mesmo!”, analisou.
Na opinião de Rodrigo Faour, todos os
movimentos musicais, de certa forma, foram e são marcantes, incluindo os mais
atuais, pois todos retratam o nosso contexto social. “Samba, choro,
carnaval, bossa nova, Era dos festivais, Tropicália, Jovem Guarda, Clube da
Esquina, transgressores dos anos 70, BRock 80, axé music... Todos têm seu
valor. Até mesmo os atuais, de certa forma mais pueris, mas também precisam ser
considerados. Todos eles traduzem muito bem a nossa sociedade”, explicou o
autor. E ao traçar uma definição do que é música de Qualidade, Rodrigo foi objetivo:
“é algo que não é feito estritamente em escala industrial com o único e
exclusivo intuito de ganhar dinheiro, e que não se baseie somente na repetição
de fórmulas gastas e ideias ‘clicherizadas’”.
Clique aqui e vá para a continuação da entrevista, a segunda parte. :)
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