Uma relação entre pai, filmes e filho


Acabei de ler o livro “O clube do filme”, do autor David Gilmour (não, não é o guitarrista do Pink Floyd) pela segunda vez e devo dizer que minha visão sobre o livro, de modo geral, mudou muito em relação a que eu tive pela primeira vez, três anos atrás. Mas não vou fazer comparações com minha antiga e atual avaliação, senão, mesmo não querendo, torno-o confuso e desnecessário.
David Gilmour conta uma história real baseada na relação entre ele e seu filho, Jesse. O rapaz, como muitos jovens de dezesseis anos, encarava a vida como uma grande catástrofe, sem saber como lidar com as drogas, garotas e, principalmente, o baixíssimo rendimento escolar. Notando que o interesse pelas aulas era nulo, o pai, então, fez uma proposta: assistir com três filmes por semana, com e escolhidos por ele. Jesse estava livre da escola, não precisava trabalhar, pagar aluguel, porém não era permitido o uso de drogas, ou acordo estava desfeito. Vida boa essa, não?
Se você não entende e nem gosta de cinema, “O clube do filme” pode não ser uma boa escolha. Gilmour, afinal, que até então estava desempregado e vivia de bicos, já fora crítico de cinema televisivo e protagonizou um talk show na CBC, escolhia os filmes a dedo para tentar surtir algum efeito no mimado filho adolescente. Quanto mais quente melhor (1959), Pássaros (1963), Ladrões de bicicletas (1948), Casablanca (1942) são apenas alguns dos inúmeros filmes que o personagem analisava minuciosamente aos elogios e críticas durante a exibição. Ou seja, se você é do tipo que só assiste aos lançamentos da Moviecom, nem perca seu tempo lendo este livro!
Não digo que “O Clube do Filme” seja ruim; a narrativa é uma das melhores e é o que me mais me prende na leitura, no entanto, questiona o leitor em vários aspectos. Afinal, qual o pai permite que o filho largue a escola para assistir clássicos do cinema três vezes por semana em casa? No início, entende-se que Gilmour sabe perfeitamente o que está fazendo, mas com o passar, vejo que ele está totalmente perdido e ainda não entendeu que Jesse tem dezesseis e não seis anos de idade. Talvez o rapaz se espertasse rapidamente se ouvisse uns berros ou alguns castigos, e não que o pai passe a mão na cabeça todas as vezes que ele chega em casa depois de boas cheiradas ou porque levou um pé na bunda da namorada.
Concordo que um diálogo é sempre válido e fortalece a relação entre pai e filho. Mas se não tratá-lo como um homem adulto, em que os seus atos lhe trarão boas ou más consequências e que o papai ou a mamãe não estarão sempre lá para assistir um filminho depois do almoço, ele jamais vai caminhar com as próprias pernas. Na verdade, há (pouquíssimos) momentos em que Jesse demonstra até mais maturidade que o pai; enquanto este (também) age como um adolescente bobo se perguntando o que fazer da vida.
Enfim, quem sou eu para dar palpite da educação de alguém? Eu que nem tenho filho e o meu pai, todas as vezes que me liga, só sabe dizer que “tudo na vida tem que ser programado”. Isto é, você pode até se revoltar com a história do livro e chamar David ou Jesse de babacas, mas, pelo menos, vai ter uma lista com dezena de excelentes filmes quando for a uma locadora de DVDs. 

Comentários

Hahahahaha. Sinto q vou me identificar com esse seu ultimo comentario. Nao gostei mt do modo como o tal pai tratava o filho, negando a elenqualquer responsabilidade por seus atos. Mas se realmente valer a pena as dicas e analises de filmes, jah vai ser uma excelente leitura!
Resenha mt legal. Concordo contigo em mts aspectos.
Agora ia ser bacana uma sessao cinematografica com alguns dos filmes citados no livro neh. Como seu pai fala, "Tudo na vida tem q ser programado". Vamo tentar programar essa atividade! hehehe.
Big hugs, see you on the next post!

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