Bons brinquedos são (Trecho de AMIGO ESTOU AQUI)

Foi quase de certeza que os adolescentes (já quase-adultos) não perderão a chance de reviver um pouco da infância nas salas de cinema desse mês. Isto porque a animação “Toy Story” (História de Brinquedo) está em cartaz desde o dia 18/06 nos cinemas na continuação do terceiro longa-metragem. “Toy Story”, para quem não sabe, foi o primeiro em animação digital, dirigido por John Lasseter, iniciando a parceria com a Disney e Pixar, indicados para premiação de Melhor Trilha Sonora em Comédia, Melhor Roteiro Original e Melhor Canção (You´ve got a friend in me/ Amigo estou aqui/). E estão mais uma vez juntas na produção de “Toy Story 3”, trazendo o xerife Wood, o patrulheiro espacial Buzz Lightyear, e a cambada toda de brinquedos, ou pelo menos alguns deles.

Andy, o dono dos brinquedos, com 17 anos e já está prestes a entrar para a faculdade. Os fãs que acompanharam “Toy Story” quando menores, com certeza se encontram na mesma situação: deixaram de ser crianças, já estão inclusos na faculdade e conseqüentemente deixaram os brinquedos de lado. Alguns não têm cuidado nenhum, perdem as peças, que se dispersam pela casa até pararem numa caixa de papelão no lixeiro esperando o caminhão de lixo. Andy fez o que algumas crianças cuidadosas normalmente fazem: doou os seus brinquedos antigos para uma creche, incluindo seus preferidos, Wood e Buzz. Pelo afeto que tinha por eles e pensando na felicidade de outras crianças, a creche foi a melhor opção encontrada, ou talvez não. O convívio com os novos brinquedos e com os novos donos não serão os melhores. É aí que a história se desenrola.

Porém, mudando um pouco de assunto, não são todos os filmes que tem uma seqüência satisfatória. Na maioria deles, o primeiro é considerado “o melhor”. Em filmes infantis a coisa não muda. Apesar da grande repercussão de “Toy Story 2”, com um enredo empolgante e divertido, o anterior foi o que marcou a infância de muita gente. Ainda assim, dentre os filmes da Disney, “Toy Story” é um dos únicos que teve continuação, comparando inclusive com os demais da Pixar, os quais foram de grande sucesso com o público infantil e adolescente. Agora, qual a receita para tanto progresso? E o que faz jovens de hoje, interessados em tantas outras coisas, como baladas, namoro, e internet, ainda se darem o trabalho de ir ao cinema assistir a um filme de crianças?

No que supostamente a Disney vem acertando em cheio (acertava mais do que acerta, na verdade) em suas produções é um tema pouco explorado em outras: o lado bom de ser criança, mais especificamente amizade. Como “Toy Story”, “Monstros S.A”, “Carros”, os quais também são da Pixar, além de “O Cão e a Raposa”, e “Oliver e sua turma”. A Disney também produz grandes clássicos quando se trata de família. “Os Incríveis”, “Procurando Nemo” e “Up” são outros exemplos disso.

Diferente de muitos filmes, como em "Shrek", que esse ano, apesar do sucesso de bilheteria, obteve um roteiro fraquíssimo dem relação aos outros, "Toy SAtory 3" não caiu no desgaste. O tema é infantil, mas engloba a juventude de um modo geral, na transição da criança para a adolescência, que anima também os adultos. O que eles são? São brinquedos que passam por aventuras de brinquedos. Mas fazem relação ao mundo real: um grupo de amigos que passam por diversas situações para não se separarem, fortalecendo ainda mais essa união, independente das diferenças e desavenças entre eles. E claro, outro ponto que coopera é a nostalgia que ele trás. O fato de ter crescido assistindo os dois primeiros filmes faz da infância algo que ainda não terminou, e vem a ter um gostinho de conclusão no último.

Engraçado mesmo foi estar nas salas de cinema: crianças e adolescentes se divertindo como um só. O número de adolescentes não for maior que o de crianças, isto talvez se justifique porque “Toy Story” não é exatamente da “época” delas e o interesse pode não ser parecido. Minha irmã de 12 anos, por exemplo, não deu a menor importância quando eu disse que iria assisti-lo com meu melhor amigo, da minha idade, 20. Se bem que, por ser até agora o único infantil a estrear essa semana, é possível que a busca para assisti-lo seja maior. Para os jovens fãs do filme, será divertido e até nostálgico, por se colocarem na mesma situação que Andy: assim como ele, já estão na faculdade e não usam mais brinquedos como forma de diversão. Mas vale lembrar que alguns amigos, ainda que não possam mais estar por perto, foram quem mais trouxeram diversão e companhia. E que por mais que o tempo os separe, não existe despedida. Quem assistiu ao filme ao lado de um amigo vai entender do que estou falando.