Crítica: A nova (e antiquada) definição de família

O desemprego atinge sua maior taxa, a conta de luz deve aumentar ao menos 8%, arrastões causando terror no RJ. Enfim, são incontáveis as notícias ruins que são divulgadas diariamente e me bate uma tristeza quando eu assisto ao telejornal. Porém, a notícia que mais me chocou tem o seguinte título: “Comissão aprova definição de família entre homem e mulher”, pelo G1. Isso significa que ontem, 24, foi aprovado o parecer do relator Diego Garcia (PHS-PR) que define o conceito de família como união somente entre homem e mulher, excluindo os casais homoafetivos. Foram 17 (dezessete) deputados a favor desse texto e apenas 5 (cinco) foram contra e ainda resta a votação do plenário da Câmara. Agora está certo: os gays não formam família, somente os heterossexuais. É isso mesmo?
Ao menos é o que esses deputados dizem, ou como eles querem que aconteça. A criança só terá uma família se ela tiver um pai e uma mãe. Se ela for criada por dois homens ou duas mulheres será o mesmo que ser criada pelo nada. Ou até mesmo se for criada por uma mãe solteira ou por tios. Não, também não vale. Família, de fato, só com pai e mãe, homem e mulher. Tenho alguns amigos que foram criados por mãe e tia, ou por mãe e padrasto, logo, não tiveram e não tem família, já que não há o pai biológico na história. Na realidade, sé for ver bem, minha irmã e eu estamos um pouco fora do padrão, já que há pelo menos uns dez anos nossos pais estão separados e nem ao menos moram na mesma cidade. E se eu decidir que vou me casar com um cara ou alguma amiga minha se unir a uma mulher? Não haverá formação de família aí unicamente porque os deputados decidiram e pronto?
 Uma família gay é inconstitucional? Casais homossexuais ou simplesmente uma família que não seja formada por um homem e uma mulher não terão direitos a nada, seria isso? Quanto mais eu leio a respeito, menos compreendo. Menos aceito. O Brasil já é um país com tanta corrupção, gastos desnecessários de dinheiro com políticos, e ainda somos obrigados a conviver com tanta intolerância, preconceito, mesquinharia; enquanto há países em que os gays não precisam passar por tanto desprezo e injustiça. Sinto uma mistura de vergonha, tristeza e revolta ao ler uma matéria dessas. E escrevo sobre isso porque me revolta, me envergonha e me entristece e desabafar é necessário. E isso mostra que o nosso país, com um leque cultural tão rico e diversificado, está em retrocesso porque não aceita o amor entre duas pessoas do mesmo sexo e não aceita que essas duas pessoas formem uma família.
Na verdade, eles podem até formar uma família, mas não serão reconhecidos como uma, perante a lei. A lei dos irracionais, dos hipócritas. Acho que é a primeira vez que sinto tanta vergonha da minha nacionalidade. Temos mesmo que aguentar tanta intolerância, essa burrice? Eu só espero um dia poder estar bem longe dessa sujeira toda, pois pelo visto, a possibilidade de tudo isso piorar é muito maior que as falcatruas da nossa presidente da república. Mas independente do que dizem os deputados, família, para mim, tem único significado e definição: união entre pessoas que se amam. E pronto!

Comentários

Ohana significa família. E família significa nunca abandonar ou esquecer.
Prefiro essa definição de Lilo e Stitch.

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