Pessoal: 20 anos de Pokémon/ Parceiros de Infância (parte 2)

Eu estava de boa em casa, numa tarde qualquer, quando meu primo Tyago Almeida (hoje, advogado, e com OAB, sim!), anos atrás, chegou meio de surpresa. Ele me viu assistindo televisão e perguntou:

- Victinho, tu já assististe Pokémon?

- Han... Não.

- Porra, meu primo. Então assiste, é muito firme. Aliás, vai passar agora no Cartoon Network. – e colocou no canal de desenhos animados da TV a cabo. Antes de Pokémon começar, Tyago continuou: - Tu vais gostar, primo! É muito bacana! É uma febre! Não sei como tu não conheces! – e o desenho começou.

Naquele episódio que eu assisti, um tal Professor Carvalho cobrava do garoto Ash Ketchum que pegasse novos pokémons, pois o menino não seria um mestre pokémon sem capturar mais bichinhos. Ash, então, sentiu-se desafiado a pegar um tal macaco peludo chamado Mankey por ter furtado seu boné. Enfurecido, Mankey evoluiu para Premeape (pronuncia-se "Praimeipe"), e com ajuda de um lagarto de fogo bem poderoso, o Charmander, Ash jogou um bolinha de cores branca e vermelha e o capturou. Pronto, ele tinha um novo Pokémon!

- E aí, meu primo? Curtiu?

- Muito!

Desde então, iniciou-se o meu vício pela obra de Satoshi Tajiri. Eu decorei o nome de todos os 151 pokémons, a ordem e as falas de quase todos os episódios das duas primeiras temporadas, sabia todos os ataques e fraquezas dos monstrinhos e todas as músicas dos CDs, sem contar que eu enchi minha barriga de tanto Guaraná Antarctica só pra ter o máximo que eu podia dos bonequinhos, e ainda chorei nos episódios “O Adeus de Butterfree” e “O Adeus de Pikachu” e também quando Ash virou pedra no longa-metragem “Pokémon o filme: Mewtwo contra ataca” (e ainda choro). Ou seja, me fissurei no desenho japonês. Eu me imaginava como um treinador pokémon; não entendia por que diabos o Charizard não obedecia o Ash; me divertia com a Misty sendo chata com Ash e ao mesmo tempo demonstrando que gostava dele; do Brock sendo maduro, porém um leso quando se tratava de garotas; e a Equipe Rocket, os vilões mais bonzinhos e divertidos que eu já vi. O Pikachu, no entanto, com toda a sua valentia e fidelidade era e é o que eu mais admiro.

Fui entrando na adolescência e aos poucos me distanciava de Pokémon. Parei de assistir com frequência lá pela metade da jornada Johto. Mas é claro que tempos depois voltei a acompanhar e agora estou na Liga Kallos. Me admirei quando li que o anime estava completando 20 anos de idade nessa semana, ou melhor dizendo, ontem, 27. Com meus 26 anos, vejo que muito do que aprendi sobre amizade e determinação se deve ao desenho. Deve-se ao Ash Ketchum, o qual mesmo perdendo praticamente todas as Ligas que participava, nunca pensou em desistir, nunca se culpou e menos ainda culpou seus pokémons. A tática dele é simples: continuar tentando, nunca desistir, confiar em si, em seus amigos e ajudar ao próximo sempre que ele precisar. É isso aprendo com Ash e com os demais personagens a cada episódio que vejo.

Falando no Ash, um dos maiores presentes que ganhei em 2014, do meu amigo do lado esquerdo do peito Thiago Cruz, foi um áudio com um recado do dublador Fábio Lucindo, que empresta a voz ao “nosso herói da cidade de Pallet”. Contente pela gravação, entrei em contato com Fábio Lucindo através de e-mail para agradecê-lo e ele me respondeu com um texto consideravelmente grande e incrivelmente carinhoso, pois eu o contei que não pude ir ao evento em que ele esteve presente aqui em Belém porque eu estava, na época, com tuberculose. Além de o dublador ter me tratado afetuosamente como um amigo e me dando forças para superar a doença, também descreveu Ash da melhor maneira:

“[...] A forma como lidamos com eles [os problemas] pode ser muito diferente e influencia pra caramba no resultado final de tudo, que no seu caso, agora, é a cura de uma doença chata, mas depois, serão outras coisas….é um ciclo sem fim! Melhor encarar de forma positiva, certo? Nesse caso, nosso amigo Ash também é outro ótimo exemplo; sai pelo mundo em busca de um objetivo pessoal maior, mas não se incomoda de se colocar de lado para ajudar alguém e nem se abate por até hoje nunca ter vencido uma liga Pokémon, com exceção da Liga Laranja! (...) Mais uma vez te agradeço e desejo calma, paciência e alegria para encarar os dias… Vai passar, você vai ver e ainda vai se lembrar disso tudo com muito orgulho de si. Você já é um mestre!”

Ao criador da franquia, Satoshi Tajiri, meu muito obrigado e parabéns a ele e a todos os responsáveis por esses 20 anos de Pokémon. Nós todos fomos capturados pelos monstrinhos de bolso e não seremos libertados jamais. 

Ouça o áudio que Fábio Lucindo gravou para mim.

Leia a entrevista que fiz com Fábio Lucindo