A pirataria como (única) alternativa?

Qual um dos melhores programas para se fazer com amigos num feriado ou final de semana? Sair para a balada? Viajar? Namorar? Há várias opções. Mas para muitos ir a uma locadora e assistir a um filme em casa com muita pipoca é irrecusável. Ou melhor que isso: cinema. O conforto e a “telona” do cinema são a preferência de muitos.

Ou talvez não.

No entanto, por mais que assistir a um filme seja uma ótima opção para se divertir ou passar o tempo, as descrições acima já não são levadas em conta com tanto êxito. Afinal, são raros os que ainda se dispõem a pagar por uma locação de um DVD ou ir ao cinema e pagar um preço dobrado com a mídia alternativa, mais conhecida como pirataria, bem ao lado, facilitando tudo para o bolso. Ou, além de comprar DVDs falsos, não seria mais prático baixá-los pela internet? Será que a produção cinematográfica não está tendo a devida valorização? Ou isso não impede para que todos tenham acesso? Uma relação de cordialidade entre o lazer e o mercado capitalista.

Algumas das mais atingidas pela mídia alternativa são as locadoras de DVDs. Inclusive empresas de peso, como a FOX, a qual está no mercado há 23 anos. O gerente administrativo desta, Valdiney Mendes, afirmou que a pirataria sempre foi uma concorrente, entretanto desleal. “Uma concorrência saudável nos estimula a melhorar nossos produtos e serviços, já a concorrência desleal nos indigna”, explicou Valdiney. “No início, nos deixou de mãos atadas. Não tínhamos como competir com a pirataria por se tratar de produtos sem impostos, sem empresa constituída, sem funcionários contratados com carteira assinada. Enfim, uma série de irregularidades que possibilitam a venda de produtos a preços bem abaixo do mercado legal”.

Valdiney conta que o poder do mercado ilegal afetou a empresa de forma que algumas lojas da rede foram fechadas em detrimento da queda de movimentação. Ele ressalta também que a instigação para continuar o trabalho é o apreço pelo que faz e a conscientização do público. “Hoje, percebemos em nossos clientes uma consciência maior sobre essa questão. Acreditamos que aos poucos as pessoas estão se dando conta de que a pirataria é um negócio sujo e que não vale a pena estimular esse mercado comprando seus produtos. A pirataria continua forte porque tem gente que ainda compra e de certa forma é tentador ter um produto quase de graça”, esclareceu o gerente administrativo.

Ou seja, a questão financeira é um dos fatores cruciais para a busca de DVDs falsificados. A compra de DVD pirara e o download pela internet são praticamente as únicas saídas, mesmo não querendo. Por isso, as vezes é necessário um pouco de criatividade. A estudante de jornalismo e também fanática por cinema, Yasmim Uchoa, define três motivos para o crescimento da pirataria: o preço baixo, a oportunidade de assistir o filme quantas vezes quiser e a oferta e comodidade, com o disque pirata.

“Em Belém temos praticamente um cartel cinematográfico, com apenas uma rede de cinema e uma grande rede de locadora, o que encarece o preço de locações e ingressos. Sem concorrência o consumidor é obrigado a pagar o preço que os cinemas e locadoras bem entenderem”, explicou Yasmim. Ela firma que costuma locar DVDs somente quando está à procura de um filme “clássico” ou “alternativo”, por saber que dificilmente o encontrará em outro lugar. Para a estudante, a pirataria não desvaloriza a indústria cinematográfica, e sim democratiza o acesso, pois há cinéfilos (aqueles que se interessam por cinema) que assistem ao filme no cinema e o compram em seguida no camelô, contribuindo para ambos os lados. “Há espaço e público para as duas coisas. Sou a favor da democratização da informação. Quanto mais gente tiver acesso à cultura, melhor”, concluiu.

Também há aqueles que preferem fazer download da internet e só vão ao cinema quando há realmente algo que interessa. Humberto Castro, estudante de ciência da computação, alega que o fato de baixar filmes depende muito da qualidade da produção cinematográfica. “Um filme tem que merecer as pessoas no cinema. Elas vão porque se tornou um costume, no sentido de um defeito, um vício...”, opinou Humberto Castro. “Enquanto não fizerem mais filmes tão previsíveis, que não forem somente para mover capital, que realmente mostre a essência do diretor/roteirista na produção de algo para ser reconhecido, minha preferência continuará sendo baixar filmes pela internet”.

Através da pirataria ou não, a busca pela interação midiática que o cinema tráz permanece em alta. O meio pelo qual ele é adquirido é, aparentemente, uma colocação secundária. A pirataria, apesar de ilegal, é uma forma de acessibilidade entre o cinema e os cinéfilos. Isto é, seja por meio de locações, idas ao cinema ou compra de DVDs falsificados, os filmes são um produto artístico de consumo em que todos saem ganhando.

Comentários

Eu queria ter sido entrevistado também T.T
Vc precisava da opinião de um futuro internacionalista diplomata, que daria uma visão macroglobalista da indústria de consumo cinematográfica e os efeitos da pirataria =(

xD
ehehehehe

esse post tá melhor do q os outros, Victor. Sua escrita tá melhorando muito desde o primeiro post.
Sucesso, amigo!

Abração
Caraca, quand eu crescer quero parecer com você!

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