Conto por contar e deixo em algum canto (trecho de AS CARTAS QUE EU NÃO MANDO)

Com letras que analisam e criticam o comportamento sentimental e social, Leoni lançou o terceiro álbum ao vivo “A noite perfeita”. O ex-integrante de “Heróis da Resistência” e “Kid Abelha” divulgou um trabalho bem diferente dos demais: no repertório musical, no histórico de cada uma, nas participações especiais e a na originalidade destas.

 Leoni tenta inovar suas criações, envelhecendo-as, pois apesar das letras trilharem cada vez mais com a atualidade, praticamente todas as suas músicas continuam tendo o mesmo ritmo, com pouquíssimas mudanças. Elas são parecidas em quase tudo: na beleza, na ideia, no ritmo, deixando explícito um padrão nas composições. Mas, por outro lado, as letras chamam atenção pela sua inteligência da abordagem, mesmo se assemelhando com as irmãs.

 “Se não agora, quando?”, composta por Leoni, George Israel e Luciana Fregolente mostra a verdadeira face do sujeito: ambição, luta pelos desejos sociais e pessoais (alguns quase fúteis), enfim, por coisas que as fazem felizes, como completar a maioridade, sair de casa, comprar um carro, resolver todos os problemas. Foi a letra que mais me encantou pela objetividade, sinceridade e argúcia: “Que agora é o futuro/ Que eu andava esperando/ Agora é o futuro/ Se não agora, quando que eu serei feliz?”

Além desta, outras inéditas entraram no repertório: “É proibido sofrer” (uma análise sobre os motivos que buscamos para sermos felizes), a canção românitca “Do teu lado” e o hit mais agitado “A noite perfeita” (uma narrativa sobre uma garota que procura fazer da sua noite, a melhor).

 Injustiça em relação ao álbum “Outro futuro” (2006), do qual apenas uma música foi inclusa: “Quem, além de você?”. Embora seja a mais bonita do disco, não se deve desprezar bons hits como “Lado Z”, “A chave da porta da frente” e “Soneto do teu corpo”. Enquanto, do álbum de 2004, “Leoni ao vivo”, ele trouxe “Dublê de corpo”, “As cartas que eu não mando”, “Temporada das flores”, entre outras.

 Leoni acertou em cheio na seleção de quatro músicas consecutivas: “Os outros”, “Quem, além de você?”, “Do teu lado” e “Melhor pra mim”. Digo que “acertou em cheio” porque são as minhas favoritas, mas essa versão de “Os outros” ficou péssima. Leoni ainda não entendeu que ele não combina muito com agito, e a versão dessa canção entrou num embalo desnecessário, em que ele não desafina por muito pouco. Foi um bocado arriscado ter saído do toque acústico/ romântico do “Ao vivo”, para a que lembra a original de 1985.

 Portanto, enquanto não encontramos a fórmula do amor ou enquanto eu não usar meus poderes para o mal, vou curtindo o conjunto da mais nova obra de Leoni.