Outros, que é dos muito loucos (TRECHO DA MÚSICA “DE QUEM É O PODER”)


Um único erro e também acerto no segundo álbum da carreira solo de George Israel foi o título: “13 parceiras com Cazuza”. Nada sugestivo, empolgante ou criativo, afinal, quem o lê já entenderá que o mais recente trabalho do saxofonista e violonista da banda “Kid Abelha” é uma releitura de treze músicas que ele compôs junto com Cazuza. Mas também chama a atenção, justamente por serem “13 parcerias com Cazuza”.
Com um repertório mais vasto do que parecia ter, Cazuza deixou inúmeros patrimônios musicais. Sendo que, alguns destes, mais de 17, foram junto com George Israel. “Burguesia”, “Solidão que nada” e, o praticamente hino do país, o hit “Brasil”, gravado por Kid Abelha, Gal Costa (tema da novela “Vale tudo”) e Cássia Eller; e compostos os dois últimos por Cazuza, George Israel e Nilo Romero, são alguns dos mais lembrados sucessos desses dois parceiros. E no novo álbum, o clássico “Brasil” obteve novo registro numa roupagem bem mais moderna, misturando hip hop e samba, sem perder a essência da original, com retoques de Marcelo D2 e Elza Soares.
George Israel mostrou em “13 parcerias com Cazuza” que não investiu na carreira solo em vão. Embora eu o tenha preferido como instrumentista a músico após ter ouvido o segundo álbum “Distorções do meu jardim” (2007). Sobretudo como intérprete, pois ouvir a sua versão de “As rosas não falam”, de Cartola, foi deprimente. No mínimo, bastante “estranha”, para não ser tão chato. Israel, no entanto, fazia bonito quando se tratava de seus próprios frutos, como em “A noite perfeita” e “Alguém como você”, gravados, respectivamente, por Leoni (também na composição) e Sandy e Júnior (no álbum “acústico).
Um destaque para versão “De quem é o poder?”, também composta pelo trio George, Nilo e Cazuza, a qual recebeu uma versão mais natural e harmoniosa. A voz de George deu um tom mais ameno e singelo do que com na versão do grupo Kid Abelha, na voz de Paula Toller. Uma canção franca e realista, que dá gosto de ouvir pela espontaneidade do músico. Porque houve, enfim, química entre o intérprete (nesse caso, também compositor) e a letra. A minha preferida do CD, na verdade.

Comentários

Não entendo muito de música e compositores brasileiros, mas seus posts me ensinam cada vez mais. Muito legal acompanhar seu blog!

Abração, amigo...

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