Não temos tempo a perder


O motivo que me levou a querer assistir o filme “Homem do futuro” (2005), devo confessar, foi a música “Tempo perdido” (preciso dizer que é da banda Legião Urbana?) como trilha sonora principal. Uma comédia romântica protagonizada por Wagner Moura, figura consagrada do cinema nacional, e Alinne Moraes, atriz que até agora não fez feio em nenhuma de suas atuações, com uma canção dessas para embalar um longa chama a atenção sem dificuldades.
Dirigido por Claudio Torres, “Homem do futuro” é ambientado no ano de 2011. Mas também ocorre em 1991. Ou seja, aquela velha história do “voltar ao passado para modificar o futuro” faz parte da temática do filme. Zero, personagem de Moura, constrói a máquina que volta no tempo para mudar o que aconteceu vinte anos atrás para, acima de tudo, trazer a mulher de sua vida de volta. E a pergunta é: será que vale a pena? Será que dá certo? Será o melhor não era dera deixar como está?
Eu não vou me atrever a contar o final do filme, até porque ele já está muitíssimo explicito. As atuações impecáveis e um texto sagaz, irônico e divertido camuflaram um tema abordado em vários outros filmes ou séries, como em “Doctor Who” e “Efeito borboleta” (2004). É uma lição de vida que, no fim, já se aprendeu com estes e tantos outros que eu não lembro agora. O final, além de ser previsível, também se torna bobo e clichê. O término, no entanto, foi só o que me decepcionou em todo o longa-metragem.
O ponto forte de “Homem do futuro” é o texto, com sacadas interessantes. Wagner Moura equilibrou com perfeição o tom de irônica, comicidade e drama nos diálogos, de cada “momento” de seu personagem, apesar de caricato demais em alguns pontos. O filme é intenso. Prende pelas cenas divertidas e também pesadas, dramáticas; provocando enorme ansiedade, até meados dele. E tem que se segurar para não entrar em êxtase com o par romântico interpretando o hit dos anos 80, “Tempo perdido”, no palco para jovens alucinados. É o ápice do romance de Zero e Helena (Alinne Moraes).
Uma mistura de ficção cientifica com pura fantasia, do drama com o cômico, do novo com o clichê. Enfim, mais uma vez o cinema nacional prova que sabe o que está fazendo, sem querer ser perfeito, mas interagir com o púbico, que é o principal. E a música foi a forma de se aproximar deste, que trás outros hits dos anos 80 na trilha sonora, embalando a luta de Zero e Helena para ficarem, enfim, juntos.



Comentários

Muito boa sua crítica! AInda não assisti esse filme, mas fiquei bastante curioso agora. Aquele "Click" (2006) com o Adam Sandler também toca nessa temática do tempo, passado e futuro, e oportunidades perdidas.
É muito bom saber que o cinema brasileiro tá se enveredando por outras temáticas que não o velho e batido polinômio favela-drogas-pornochanchada.
Filmes como esse, "O Palhaço", "A Partilha", "Era uma vez", "Paraísos Artificiais" mostram outras facetas do povo brasileiro e sua cultura, melhorando nossa imagem no exterior.

Como leitor assíduo do blog, agradeço por você nos trazer sempre boas dicas musicais e cinematográficas!
Cris Freitas disse…
Lindo, lindo, lindo... Ainda não assisti o filme, mas agora confesso que estou interessada em conhecer essa história... E como sempre você me surpreende com seu jeito genial e ao mesmo tempo simples de expor suas ideias sobre vários assuntos através de textos maravilhosos....!
Cris Freitas disse…
Lindo, lindo, lindo... Ainda não assisti o filme, mas agora confesso que estou interessada em conhecer essa história... E como sempre você me surpreende com seu jeito genial e ao mesmo tempo simples de expor suas ideias sobre vários assuntos através de textos maravilhosos....!

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