Mistureba Musical



Produzir novas versões de músicas antigas, nesses últimos anos, tem sido a grande sacada que bandas e cantores nacionais encontraram para se manter na indústria mercadológica e chamar a atenção do público. O arriscado é o método parecer repetitivo, pois muitos já estão fazendo praticamente o mesmo. Homenagear o repertório de um determinado artista, movimento, gênero, enfim, já é uma solução encontrada por estes para aumentar a vendagem de discos, já que somente as composições autorais não estão dando tão certo.
Inúmeros artistas já abusaram da estratégia e creio que a mais resultante desta foi o álbum “Bailão do Ruivão” lançado por Nando Reis e os Infernais, em 2010. De todos, é o mais contagiante e original do cantor, o qual se mostra um dos repertórios mais ecléticos e envolventes do meio. Uma viagem dos anos 70, 80, 90 aos atuais, do nacional ao internacional, do brega ao forró, do reggae ao rock, do romântico ao infantil. Ou seja, o ex-baixista do Titãs fez uma vitamina musical, mas sem se perder no ritmo e estilo, diversificando também nas participações especiais.
Nando Reis se distanciou do preconceito musical, sentimento que muitos dos seus fãs roqueiros possuem, e trouxe ao palco Joelma e Chimbinha da banda Calypso e a dupla Zezé di Camargo e Luciano. Eu já esperava que os sertanejos abrilhantassem “Você pediu e eu já vou daqui”, de Antonio Marcos, e cumprissem a animação em “Do seu lado”. Eu, no entanto, temia que a Joelma trocasse as bolas e, além de desafinar, fosse gritar o famoso e famigerado “Isso é calypsooooo!” na “Chorando se foi” de Kaoma. Para o meu alívio, a paraense não nos envergonhou e fez bonito ao lado de Nando Reis, sem estardalhaços e exageros vocais. Dá pra assistir e ouvir sem medo de ser feliz.
“Do seu lado” foi a única criação autoral escolhida para compor o repertório. Talvez porque é o hit de mais sucesso de Nando Reis e, também por isso, é o mais irritante e maçante de tanto que já foi tocada, batida e empurrada em nossos ouvidos. A novidade, desta vez, foi Luciano se destacar como segunda voz e mostrar que a dupla sertaneja sabe mesmo animar uma plateia, independentemente do ritmo que estão tocando.
O Bailão do Ruivão, portanto, é um álbum que reúne “Gostava tanto de você”, “Bichos escrotos”, “Frevo mulher”, “Severina xique xique”, “Whisky a go go”, e outras pérolas, sem faltar com estilo e a coerência. Só espero que os próximos álbuns de regravações tragam um diferencial, que assim como o do Ruivão, não perca o equilíbrio e sem fazer as homenagens parecer algo forçado, mas criativo e original. 

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