Rotina amiga e antiga


          Depois de trancar os cadeados do portão, eu pegava minha bicicleta e saía pedalando pela cidade de Breves, geralmente aos sábados. Sempre no horário das duas ou três da tarde, justo quando o sol castiga sem piedade. Mas não pense que eu saía por aí porque gostava de me exercitar durante uma tarde ensolarada. Acontece que todo final de semana era reservado para eu passar a tarde na casa de Cristiane Freitas, ou Cris Freitas. Ou Cristianta, como eu costumo chamá-la. E ela, com razão, detesta!
Eu normalmente ligava e a avisava que já estava saindo, porque Cris tinha (e pelo visto ainda tem) o costume de ouvir música nos fundos de sua casa, no volume mais forte, enquanto eu batia palmas como louco para abrir o portão. Ela me recebia com um sorriso alegre e contagiante, dizendo: “Entra, maninho. Deixa tua bicicleta aqui”, e apontava para o palanque. Cris me encaminhava para os fundos, onde ouvia algum CD da dupla Sandy e Junior, e contava:
- O papai e a mamãe saíram, foram pra estrada. Tô só eu em casa, ouvindo música. Tá muito alto?
- Não, Cris. Dá pra ouvir lá da rua, mas não tá alto, não. – ironizei, de forma hiperbólica e Cris caía na risada. Eu me considero uma pessoa muito calma e sem graça, porém ao lado dela, pareço até engraçado de tanto que ela ri das asneiras que eu falo. A companhia dela é diferente, é astral, positiva e faz com que eu me sinta mais a vontade e mais tranquilo comigo mesmo.
 Havia também, no quintal, uma goiabeira, em que Cris, minha irmã e eu, subíamos para conversar lorota e, claro, apanhar frutas. Minha amiga tinha mais habilidade para se pendurar na árvore, enquanto eu morria de medo de cair. Outra aptidão de Cris é a música. Desde que aprendeu a tocar violão, acho que há uns seis anos, ela toca e canta para mim.
- Escolhe uma música aí, pode escolher. - dizia, animada.
- Hum, deixa eu ver... – folhando as opções de músicas.
- Ah, já sei. Aprendi uma música nova, mano. Vou tocar pra ti! – ela tocava “Chão de giz”, do Zé Ramalho.
Com exceção do violão, esses nossos encontros aconteciam quando eu ainda morava em Breves. Na verdade, não mudou muita coisa, pois quando passo as férias na minha cidade-natal reservo uns três dias para ficar com Cris. Quando não, ela me convida: “Maninho, queres sair pra gente ir tomar um sorvete, comer uma pizza...?”. Ou então, é a mãe dela, tia Socorro, que me faz outro convite: “Victor, vamos com a gente para um ‘quinze anos’? A Cris não quer ir, mas se tu fores eu tenho certeza que ela vai”. Dito e feito.
Se eu fosse lembrar tudo que minha melhor amiga e eu passamos juntos, seria muitas postagens. Por isso, volto aqui na quarta-feira, 28, com a intenção de parabenizar Cristiane na data do seu aniversário, que é, vale ressaltar, um dia antes do meu. Damos certo até nisso.
Cris, escrever essas memórias me bateu uma saudade enorme de ti, mana. ;)

Comentários

Cris Freitas disse…
É tão bom lembrar de todos esses momentos que passamos juntos, e se Deus nos permitir passaremos muito mais desses momentos que só nos proporcionam alegria... E desde já quero antecipar meus Parabéns à você meu melhor amigo, meu irmão, meu presente de Deus... Espero encontrar com você logo para vivermos outra vez essa "Rotina amiga e Antiga". Te amo demais...!
Texto bucólico, saudosista e sinestésico.
Consegui ouvir a Cris cantando e senti seu medo em subir na árvore XD

Almas irmãs, melhores amigos.
Dá gosto ver uma amizade como a de vocês!
Fico muito feliz em conhecê-los e em ser amigo dos dois.

O texto não tinha como não ser bem escrito, já que vc o escreveu com todo o amor do seu âmago.
Agora vamos aguardar ansiosamente a próxima postagem =D

Abração Victor, e Feliz Aniversário pela data de hoje :)

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