Caetano, Milton e Toquinho


          Merecidamente, ícones da nossa Música Popular Brasileira receberam homenagens em Las Vegas, nos Estados Unidos, na 13º edição do Grammy Latino, na última quarta-feira. Milton Nascimento e Toquinho foram os prestigiados na cerimônia de reconhecimento dos percursos de inúmeros artistas. Segundo o site da UOL, o Prêmio Excelência Musical é distribuído por votação do Conselho Diretor da Academia Latina de Gravação a artistas que prestaram "contribuições criativas e de excepcional importância artística no campo da gravação durante suas carreiras".

        Caetano Veloso também foi homenageado no Grammy Latino, após a entrega de láureas de Milton Nascimento e Toquinho. Músicas do tropicalista foram interpretados por diversos artistas, como Natalia Lafourcade e Alexandre Pires cantando, na abertura, “Livros” e “Não enche”, Nelly Furtado, Juanes e Alejandro Sanz com “Leãozinho”, “Sampa” e “Força estranha”, respectivamente, enquanto os brasileiros Maria Gabú e Seu Jorge interpretaram “De noite na cama” e “Beleza pura”.
E quando digo, no início do texto, “merecidamente” é porque os três tem mérito ao termo. Por exemplo, o carioca Milton Nascimento, mas mineiro de coração, tornou-se um dos principais fundadores do movimento Clube da Esquina, no começo dos anos 70, ao lado dos irmãos Lô, Márcio e Marilton Borges. Nas esquinas das Ruas Divinópolis com Paraisópolis eles criaram canções que entraram para a história da MPB, na companhia, mais tarde, de Flávio Venturini, Beto Guedes, Fernando Brant. “Maria, Maria”, “Canção da América” e “Nos bailes da vida” são apenas alguns dos clássicos de Nascimento, que já teve suas obras nas vozes Maria Bethânia, Gal Costa, Roupa Nova, Chico Buarque, Fafá de Belém, e a sua musa inspiradora, Elis Regina.

Também homenageado pelo Grammy Latino deste ano, Antonio Pecci Filho, o Toquinho, é um dos pioneiros da Bossa Nova. Aprendeu a tocar violão ainda criança com o músico Paulinho Nogueira e se profissionalizou nos anos 60, em shows no teatro Paramont, de São Paulo. “Que maravilha” foi seu primeiro sucesso, em 1970, ao lado de Jorge Benjor. Neste mesmo ano, seguiu carreira com o poetinha Vinicius de Moraes, os quais produziram clássicos da Bossa Nova, como “Mais um deus”, “A tonga da mironga do kabuletê”, “O velho e a flor”, além de projetos infantis.
     O baiano Caetano Veloso iniciou a carreira escrevendo críticas de cinema em 1960, até chegar, cinco anos depois, nos festivais de música popular brasileira da Rede Record. Foi participante, em 1968, do movimento Tropicalismo e no ano seguinte sofreu as consequências do regime militar, partindo pra o exílio político em Londres. É uma das personalidades mais polêmicas e de grande influência da opinião nacional, compondo e gravando do romântico ao rock, de "Leãozinho" à "Cê".
Em suma, cada um com seu diferencial histórico na nossa música. Muito além da MPB Milton Nascimento segue influencias do jazz e do jazz rock, como Beatles e Bob Dylan, e tem sua vida registrada no livro “Travessia: vida de Milton Nascimento” de Maria Dolores. Já Toquinho, vai muito além da batida e cansativa “Aquarela”, seguindo a um cunho nacionalista na canção “Made in Coração”, mais inteligente canção do compositor. E debaixo dos caracóis dos cabelos de Caetano Veloso é mais que um “Sozinho”, chegando a ser versátil musical e intelectualmente, dividindo o palco com Roberto Carlos a Ivete Sangalo. Ou seja, o homenageado, na verdade, é o artista ou o público?

     

Comentários

Matéria bem madura, bem escrita e agradável.
Realmente seu estilo amadureceu bastante, conservando seu toque pessoal.
Uma homenagem singela porém justa e verdadeira a esses grandes ícones brasileiros, verdadeiras inspirações para o futuro da música nacional.

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