Resenha: "Duets - vem cantar comigo" no karaokê (filme)
Cantar
no karaokê. Você curte? A última vez que eu assassinei uma música desse jeito foi uns
seis ou sete anos atrás, ainda com minhas colegas da Unama, e isso após umas
doses de álcool na cabeça. Foi devido a essa brincadeira musical que veio a vontade de assistir ao
filme “Duets – vem cantar comigo”, produzido e dirigido no ano 2000 por Bruce
Patrow. A história dos personagens gira em torno do karaokê, com uma
pitada de drama, comédia, aventura e, claro, canções. E isso não significa que
seja um musical.
A
história do “Duets – vem cantar comigo” é cercada por três duplas; uma delas trata
de uma jovem que tenta se aproximar do pai que acabara de conhecer, e esse encontro só aconteceu em decorrência da morte da mãe dela; de um
taxista traído pela esposa (com o sócio) que conhece uma mulher sexy e louca por concursos de
karaokê e do cara que dá carona a um fugitivo da prisão e seguem juntos à
estrada. São enredos aleatórios que tem como o hobby de cantar no karaokê a única coisa em comum, além das experiências que adquirem com o tempo. Cada trama tem o tom exato de diversão, com boas piadas e situações divertidas, porém não escapam de algumas rasteiras que a vida os proporciona, havendo um equilíbrio
entre o drama e o cômico.
De
todas as histórias, a que mais me chama atenção pelo inusitado, emoção e por
uma certa lição de moral é a última que citei. Todd Wood, interpretado por Paul
Giamatti, já começa se atrapalhando em uma reunião de negócios, errando não só
o compromisso, mas a cidade de onde deveria estar. Irritado por ser ignorado
pela família, em todos os sentidos, pega o carro para comprar cigarros e corre
por vários cantos da cidade até encontrar Reggie Kane, vivido por Andre Braugher,
e o oferece uma carona sem saber que ele é um presidiário fugitivo. Andar por
aí com um cara desses no banco de carona não deve ser algo muito confortável,
mas o filme torna a circunstância menos trágica e mais linear quando se trata
de fazer rir, sem se desleixar no drama.
As
três duplas, desde o momento que se formam, cada uma, tem o mesmo propósito: vencer um
concurso de karaokê na cidade de Omaha e ganhar uma boa quantia em dinheiro. Com
exceção do taxista, todos soltam o gogó e são bem afinados; lembrando novamente
que nada lembra a um musical, em que os personagens cantam por (praticamente) qualquer
motivo, mas sim uma sessão de karaokê com belas apresentações. De todas, a melhor
foi a interpretação de, no filme, pai e filha (Huey Lewis e Gwyneth Patrow, na imagem ao lado) da romântica “Cruisin’”. A original é de 1979, com Smokey Robinson e mais atual foi gravada ano
passado, por Ivete Sangalo e Saulo Fernandes, no DVD em comemoração aos vinte
anos de carreira da cantora. Embora eu seja um fã da baiana, foi uma versão de “Cruisin’”
que ficou a desejar, o oposto das demais, nas quais o tom está mais acessível à voz
destes cantores, permitindo maior harmonia na canção.
“Duets
– vem cantar comigo” não é um filme muito atual, mas o enredo e a ideia são. As
histórias dos personagens são bem contemporâneas e tem destaque por isso: atingem, de um
modo ou outro, a nossa reflexão e o nosso riso. Mesmo
que este hábito tenha diminuído por aqui, a ideia do karaokê como forma de tematizar
a música é mais moderna ainda, tendo filmes e séries (nacionais e/ ou internacionais) nesse estilo cada vez mais em voga hoje em dia, e este longa aborda isso de forma sucinta e delicada, sem que a cena musical interfira muito na dramaticidade e vice-versa. E o filme, portanto, trata de algo bem real, que é o karaokê, simbolizando a música, como artifício revigorante na vida dos personagens, independente se está triste ou feliz. Porque música é assim: revigora.
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