Outras Versões: Brega + reggae = Breggae, de Juca Culatra.

Aqui em casa, quase todos os sábados, minha mãe põe uma seleção de bregas, com antigos e atuais, para que a nossa diarista Michele trabalhe com mais alegria ainda, cantarole desafinadamente e com muita ginga. É um momento que aprecio bastante, não que esse estilo de música paraense seja realmente um dos meus favoritos, mas por me fazer recordar o período em que morei em Breves, em que eu ouvia essas canções com mais frequência. E ano passado, na Estação das Docas, ouvi alguns desses bregas em versões diferentes: no ritmo de reggae. Era Juca Culatra cantando e tocando. Já imaginou “Minha amiga” ou “Por do sol”, respectivamente, de Mauro Cotta e Teddy Max com a roupagem de reggae? Eu achei incrível! E foi o que, também, me divertiu bastante naquela noite, mesmo com pouco fôlego.
“Breggae” foi o segundo álbum do paraense Juca Culatra, lançado em 2013, com oito bregas antigos em versões de reggae. Infelizmente foram somente oito músicas gravadas. Poderia ter mais. Porém, já foi o suficiente para dar mais vida a esse gênero musical paraense, de modo atípico, contagiante e até mesmo inesperado. É uma boa para quem gosta de brega, pois tem a opção de curtir e dançar num outro clima musical; e até mesmo para quem é louco por um reggae, afinal, poderá se envolver com canções que, tenho certeza, muitos devem conhecer. E para quem não é tão a favor dos dois ritmos, das duas, uma: ou irá se render e vai querer cantar e dançar junto ou vai detestar.
Ouvir o “O meu amor virou brinquedo pra ti/ põe na minha boa o mel/ logo em seguida o fel” do Wanderley Andrade ou então o “A gente já não fala mais de amor/ a gente já não se dá mais tão bem como antes/ Tudo mudou” na batida de reggae roots e na voz potente e indizível do Juca Culatra é divertidíssimo. De todas, a que menos me anima no “Breggae” é “Ao por do sol”, por lembrar mais o brega ao reggae. No entanto, a versão que mais me empolga é “De repente” do Lima Neto, em que é mais enfatizado a sonoridade do reggae no trecho “Se eu te fiz alguma coisa que te ofendeu/ me perdoe, eu te prometo que aconteceu/ Vamos virar a situação entre você e eu”, dando o diferencial na música. Além disso, para trazer a fidelidade entre os dois estilos, há até umas (pouquíssimas) vinhetas entre uma canção e outra, como a “Suuuucesso”!
Um som ainda mais diferente é do álbum “Juca Culatra e os piranhas pretas”, com um reggae roots de letras cheias de críticas sociais e um estilo pouco convencional, também uma boa novidade aos ouvidos. Mas o que eu não paro de ouvir mesmo é o “Breggae”, o qual o regueiro Juca Culatra não tirou a essência do brega, e trouxe uma outra forma de valorizá-lo. São dois estilos em um, com muita criatividade e nostalgia, ao menos para mim, que quase não os ouço. Se eu não fosse tão desengonçado, sairia dançando pela casa. Um dia eu aprendo, quem sabe. Mas eu sou tão ruim, que nem a Michele tem paciência de me ensinar. Tá ruim pro meu lado. Por isso eu continuo só ouvindo o CD... Clique aqui para você ouvi-lo também!

Essa foi a primeira postagem do “Outras versões”, em que eu preparei textos sobre artistas que gravaram álbuns com outras versões das canções originais, seja homenageando outros gêneros ou outros compositores. Esse foi apenas o primeiro. Espero que gostem J

Comentários

Unknown disse…
Adoro. nunca vi ninguém descrever tão bem o que ouço com imenso prazer.
Me deste essas 8 músicas e já passei p teus tios. Eles adoraram tb.
Pode mandar mais que vou ler todas. Bjs.
Tatiane AAC disse…
Eita, que o Tio Pelado vai adorar. Rs

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