Outras Versões: Hits de Tim Maia
Desde a exibição na Rede Globo do “Tim Maia – vale o que vier”, ainda no primeiro
dia do ano, só se lê críticas (merecidas) sobre a reprodução (mesquinha) da
emissora, que cortou trechos importantes do filme “Tim Maia” e acrescentou depoimentos e outras cenas. Tá, mas eu acho que já
deu. O autor de “Do Leme ao Pontal” merece ser lembrado, também, de outras formas,
não só da controvérsia que foi a produção da cinebiografia e da reedição
da Rede Globo. Certo. O cara era polêmico por si só, porém compôs e gravou
grandes hits que valem ser lembrados por aqui.
Não
se sabe ao certo para quem ou em quem Edson Trindade, amigo de Tim Maia, se
inspirou para criar o sucesso “Gostava tanto de você”. Ouvi falar que ele a
compôs para homenagear a filha que, naquele período, havia falecido. Mas
trechos do livro “Erasmo Carlos – minha fama de mau”, escrito pelo próprio
Erasmo[1], contam que a canção, feita na década de 50 – mesmo registrada apenas em
73 –, foi para a namorada Meire, que não gostava que Edson participasse do
grupo The Snakes. Ela censurava a ele e os demais participantes pelos palavrões
e brigas nos ensaios, incluindo o “tremendão”. Certo dia, os amigos o
encontraram arrasado após o fim do namoro, numa típica fossa, até que, um tempo
depois, reataram. E o músico surgiu, contente, com “Gostava tanto de você”.
Conheço,
pelo menos, “Gostava tanto de você” em dez regravações. Como na versão pop rock
dos Titãs, do CD “As dez mais”, de 1998 (vídeo acima). Os acordes do violão, logo no começo,
já a deixaram com outra levada, diferente e até um pouco mais bonita que a
original, na voz de Branco Melo. Outras pop românticas de “Gostava tanto de
você” são dos Paralamas do Sucesso, de um pot-pourri com “Você”, outra de Tim Maia,
num ritmo mais reggae[1];
também com o estilo dançante de baile, nos teclados e da voz de Nando Reis e os Infernais[2]; o
agudo e remixado de Patrícia Marx[3]; o
vocal potente da paraense Leila Pinheiro[4] e a mais tocante e melosa de todas, com Tânia Mara, tema da novela de Manoel
Carlos, “Viver a vida”, 2006[5].
“Não
quero dinheiro”, de Tim Maia, também foi bastante regravada. Teve uma versão antiga de
Marisa Monte, num ritmo mais agitado, o oposto dos trabalhos atuais dela, mas
sem perder a sua essência[1],
além de outra roupagem de “Chocolate”[2]. A
voz rouca de Maurício Manieri está na lista dos que emprestaram o seu modo de
cantar para "Não quero dinheiro"[3]; e
é possível ouvir um pagode dela com Exaltassamba[4]; do
rock-roll (mais pra soul) de Frejat[5] e
do axé de Ivete Sangalo. Aliás, esses dois últimos já homenagearam Tim Maia em
seus shows. Frejat, no Rock in Rio de 2011, fez um moderno medley de sol music
com “Não vou ficar”/ “Caleidoscópio”[6]/
“Réu confesso”/ “Você”. Já Ivete Sangalo, na gravação do “DVD Ao Vivo No
Maracanã”, em 2007, agitou os fãs com “Não quero dinheiro”, e com a participação especial de Samuel Rosa em “Não vou
ficar”, uma versão bem
pop, ímpar, por sinal; uma ótima combinação da cantora com o vocalista do Skank[7].
Tim
Maia queria dinheiro e também queria amar; tanto é que, de acordo com livro de
Nelson Motta, “Vale tudo: o som e fúria de Tim Maia”, em alguns casos, ele pedia
a grana dos shows adiantada e aos berros, ou não comparecia; e, esperto, para não ter
gastos na edição de suas músicas, fundou a Vitória Régia, sua própria
gravadora. Ele era bem malucão e polêmico, mas, acima disso, era divertido,
talentoso e responsável por inúmeros hits nacionais. Falando nisso, Tim Maia
foi quem inspirou uma das canções de Lulu Santos para o álbum “Honolulu”, de
1990. Quando os dois batiam papo em um hotel, uma vez, passou por eles uma moça
muito bonita e provocante e Tim disse: “Ah, essa aí eu dava casa, comida, e
roupa lavada. E mais ‘cenzinho’ por mês pra ela parar de se virar”. Daí, Lulu riu muito,
compôs e gravou “Pra você parar”[11] (vídeo acima) e
mais tarde, no seu álbum ao vivo MTV, interpretou “O descobridor dos sete
mares”. É, esse é o Tim Maia do Brasil.
[1] A crônica sobre essa explicação pode ser
encontrada nas páginas 59 e 60, do livro “Erasmo Carlos – minha fama de mau”
[2] Faixa encontrada no DVD “Mais Ao vivo”, lançado em 2004, de Marisa Monte.
[2] Faixa encontrada no DVD “Mais Ao vivo”, lançado em 2004, de Marisa Monte.
[3] Faixa do DVD “MM ao vivo”, de 2004, também.
[4] Faixa do DVD “Celebrar”, ao vivo, de 2011.
[5] Faixa do DVD “Na Ilha da Magia, de 2011.
[7] Caleidoscópio, das quatro, na verdade, é dos Paralamas do Sucesso
[8] Ivete Sangalo também regravou “Eu e você, você e eu (juntinhos), também de Tim Maia, no álbum “Clube Carnavalesco Inocentes em Progresso”, em 2003.
[10]
Caleidoscópio, das quatro, na verdade, é dos Paralamas do Sucesso
[11]
Ivete Sangalo também regravou “Eu e você, você e eu (juntinhos), também de Tim
Maia, no álbum “Clube Carnavalesco Inocentes em Progresso”, em 2003.
[11] VALE
TUDO: O SOM E A FÚRIA DE TIM MAIA – Rio de Janeiro. Objetiva, 2007. Pag 311.
Comentários
Grande Tim Maia...como faz falta né?!Grandes músicas que vão ser sempre lembradas e na voz também de outros grandes cantores.Muito legal a matéria que você fez sobre o assunto eu inclusive tinha coisas que nem sabia rs. Parabéns!!! Adoro vir aqui e ler seus textos. Sucesso sempre! Beiijooo Beiijooo