Resenha: Parceiros de Infância (3)

Seria incoerente se o Dia dos Pirralhos, que ocorreu no último dia 12, fosse embora sem uma devida homenagem. Meu sobrinho/ afilhado Max Luis e meu sobrinho Gutinho são as crianças que mais tenho contato e me fazem ser mais criança do que eu já sou. Então, vamos relembrar dois desenhos animados japoneses que foram parceiros de muitos garotinhos e garotinhas nos anos 90/2000 e essenciais para meu crescimento. Pois bem... Alguém aí se lembra de Digimon?

Com uma Angélica fazendo caretas e atrapalhando o tema de abertura, a Rede Globo exibiu Digimon (Digital Monsters), o desenho japonês criado por Ariyoshi Hongo. O anime conta a história de sete (posteriormente oito) crianças que se divertiam num acampamento de verão, mas após presenciarem uma bela aurora e quase serem atingidas por um meteoro, foram engolidas por um portal e transportados para um mundo digital, paralelo ao nosso, de nome Ilha Arquivo. Lá, Tai Kamia, Matt Ishida, Sora Tekenoushi, Koushirou "Izzy" Izumi, Mimi Tachikawa, Joe Kido e T.K. Takaishi descobriram que foram os digiescolhidos para defenderem aquele mundo das forças malignas e cada um tinha um monstrinho digital. Todos esses e todos os demais digimons tinham nomes esquisitos com a terminação mon. Quando batalharam com Kuagamon, um monstro digital muito feroz do tipo inseto, os pequenos digimons se transformaram – digievoluiram – para uma forma mais poderosa. Vocês devem lembrar os nomes: Agumon, Bagumon, Piyomon, Tentomon, Palmon, Gomamon e Patamon defenderam os digiescolhidos com seus ataques (cada um contém um único poder) e derrotaram Kuagamon.

Tamagotchi era o nome do aparelho que inspirou a criação de Akihiro Yokoi, Aki Maita e Takeichi Hongo, em 1996, chamado digital monsters, o Digimon, um jogo de luta entre monstros digitais, o virtual pet. Em 1997, o mangá one-shot C'mon Digimon, desenhado por Tenya Yabuno foi publicado e no dia 7 de março de 1999 foi lançada a primeira temporada do anime. O desenho teve, de acordo com a minha pesquisa, 9 temporadas e um sucesso estrondoso, que levou ao lançamento de filmes, mangás, brinquedos, CDs, entre outras mídias. Aqui no Brasil, a febre foi imediata. Foi transmitido no programa Angel Mix, comandado pela Angélica, no ano 2000, mesmo ano de estréia do Japão, e mais tarde pela Fox Kid e Jetix, emissoras fechadas e extintas. Outro desenho japonês que eu gostava de assistir era Dragon Ball, porém não com a mesma frequência. Eu acompanhei somente a primeira temporada de Digimon, pois como a adolescência vinha batendo na minha porta, fui deixando de lado as demais. Digimon sofreu algumas críticas por ser comparado com outro desenho criado no Japão, o Pokémon. Ah, esse sim eu era viciaaado!

                      Esse meu jeito de viver – bam bam – ninguém nunca foi igual – bam bam bam bam – a minha vida é fazer o bem e vencer o maaaal. Deu nostalgia, né? A criação de Pokémon aconteceu antes de Digimon e de modo parecido: primeiramente com jogo eletrônico, o Game Boy, pela Nintendo, em 1996, e só depois se transformou em anime. Satohi Tajiri foi o inventor do dos monstros de bolso, da abreviatura pocket monsters, Pokémon. A idéia veio da infância de Tajiri, pois quando criança gostava de colecionar insetos, daí o conceito de capturar, no desenho. O protagonista é Ash Ketchum, que sonha em ser um mestre Pokémon, saindo em uma jornada com seu fiel Pikachu e outros amigos – esses amigos mudam conforme a temporada, porém os mais lembrados são Misty e Brock. E o que seria isso tudo? Ser um mestre seria capturar - com suas pokébolas - e conhecer ao máximo das 721 espécies - reconhecendo-os em sua pokedexter -, vencendo os líderes de ginásios localizados em cidades específicas com batalhas amigáveis entre os monstrinhos e em seguida a Liga regional. E Pikachu é o rato elétrico, principal Pokémon de Ash. A pessoa pode até não conhecer nada de Pokémon, mas conhece o Pikachu.

Pode não parecer, mas Pokémon e Digimon têm suas diferenças. Em Digimon, há apenas oito humanos e cada um deles tem apenas um monstrinho virtual, que são orientados pelo seu digivice e digievoluem, retornando a sua forma anterior após uma batalha. O que difere, também, é que Digimon tem um conteúdo com mais suspense, tensão e violência; e cada digiescolhido possui um brasão, que é uma espécie de instrumento que simboliza o sentimento característico de cada protagonista, como a coragem, amizade, amor, conhecimento, sinceridade, confiança, esperança e luz – da personagem Kari, que surge nos meados da primeira temporada. Contudo, o que os assemelha é o legado que ambos deixaram: a valorização à união, amizade e a fé para vencer suas próprias barreiras. Em Pokémon e Digimon, os personagens são leais uns com os outros, nos ensinam que todos os amigos podem se distanciar e isso não significa enfraquecer a amizade e sim aperfeiçoá-la e que todos os amigos têm defeitos, porém que esses defeitos são importantes para o nosso crescimento e uma solidificação na amizade. A minha geração que assistiu a essas e outras animações dos anos 90 e anos 2000 teve mais oportunidade na TV aberta, quando as emissoras lembravam da existência do público infantil, e a chance de se tornar adolescentes e adultos felizes pela infância que teve.

E finalizo esse texto, cujo assunto foi Digimon, Pokémon e os valores que os dois desenhos nos trouxeram, para parabenizar meu amigo Thiago Cruz pelo seu aniversário. Meu amigo, que a sua vida reúna todos os sentimentos dos brasões dos digiescolhidos, além de muita saúde e sucesso, e obrigado pelo carinho e apoio frequente que recebo de você. Um abraço bem apertado e que a criança que vive em você morra jamais! \o 

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