Poemas: Fome/ Tempo/ Livre

Tempo

Tempo,
Onde você encontra as repostas
Que dizem que você tem?
Se eu pudesse te usar numa troca
Pausaria o que ainda vem.

Por que correr contra o teu alcance
Se é a minha pressa que me atropela?
Quantas vezes te culpei me tirando a chance
Incendiando a razão, apagando a vela?

Tempo, entenda
Eu te tenho, mas não sei te repousar
Me atormenta
Nas suas asas só você sabe voar.

Tempo, procure
Seguir o que te sopra na contramão
Mas me ajude
Se eu me perder e não te der mais atenção.

Victor Victório

Fome

Eu sinto falta
De ir à cozinha
E me libertar.

Eu sinto falta
Do pão na sanduicheira
Do queijo derretido
Do beiju com manteiga
Dos ovos mexidos.

Da coxinha
De queijo e presunto
Das mordidas
Do estômago sem fundo.

Do suco de laranja
Derramando gelo
No almoço e na janta
Comida com tempero.

Do bafo de cebola
Até do tomate
De comprar Leite Moça
Que não seja light.

De saborear brigadeiro
Também o casadinho
De massacrar o desejo
De cerveja e vinho.

Do bacon e pepperoni
Da pizza de quinta
De quando a fome
Não era inimiga.

Dos bolos e tortas
Da mãe e da tia
Feijão, arroz e farofa
Hamburgueria da esquina.

Da maniçoba
Do vatapá
Sorvete de tapioca
Suco de maracujá.

Do chocolate amargo
Do Serenata de Amor
Do frango empanado
Comer e não sentir dor.

De sentar à mesa
Do bucho cheio
Da picanha, calabresa
Biscoito com recheio.

Do churrasco do tio
De dividir com os amigos
Almoço à beira do rio
Sem limites pro riso.

Do estrogonofe
De pedir "mais um"
Do café preto bem forte
Doce de cupuaçu.

Eu sinto falta
De ficar feliz
Enquanto estou comendo
De esvaziar um "Bis"
E um Passatempo.

Eu trocaria um livro
Pra comer um salgado
Sem doer a barriga
No meu olho caiu um cisco
De ver ao lado
O pastel da menina.

Eu trocaria um CD
Pra acabar com as regras
E tudo o que a médica disse
Poder viver de novo
Sem fazer dieta
Sem a maldita gastrite.

Victor Victório.
                  
Livre de você

É libertador me livrar de um sentimento que só machucava por dentro
Que delícia acordar de manhã sem sofrimento
Por amar demais enlouqueci, perdi a razão
Como doeu meu flagelado coração.

Agora é diferente, não vivo 
Mais chorando por um amor ausente 
Agora, sou leve feito a brisa 
Que beija meu rosto e me traz euforia.

O gosto da alegria de viver sem te querer
É saboroso e me dá prazer .

Prazer em ser feliz por nunca mais amar você. 

Cris Acioli

Comentários

Como dizia o nosso poeta Ruy: "O tempo tem tempo de tempo ser /
O tempo tem tempo de tempo dar." ou Nana Caymmi que define como travessuras de uma eterna criança que não soube amadurecer, mas que nos permite tal efeito pois ao meu ver quem passamos somos nós - ele é constância. Resta reconhecer com os olhos de Caetano que ele é um dos deuses mais lindos / Tempo tempo tempo tempo.

Parabéns meu amigo. Belo poema.
Thyago Santos disse…
Essa sua poesia é uma verdadeira 'oração ao tempo' como na musica de caetano, rs

"És um senhor tão bonito,
Quanto a cara do meu filho,
Tempo, tempo, tempo, tempo,
Vou te fazer um pedido,
Tempo, tempo, tempo, tempo"

Como sempre, a gente consegue enxergar o que você está passando na sua poesia. mas vamos de novo pedir tempo ao tempo, talvez ele ajude, talvez dê o que você quer. Mas enquanto isso se cuide, mano, ta bom? faça a dieta direitinho. O tempo sozinho não faz muita coisa.

Cris, parabens pelo poema!! parabens aos dois na verdade.
Unknown disse…
Dear Cris, em 2015 eu sofri um estupro e em 2016 entrei em um relacionamento abusivo. Esse poema teve um significado muito forte em mim. Eu era chingada, acordava todo dia de manhã e,já ia para o telefone ver se tinha mensagem dele e quando tinha, elas traziam um sentimento pesado ao meu coração. Eu fui agredida verbalmente e fisicamente. Ele me incentivou a beber e até usar drogas. E, sabe o pior de tudo? Eu vivia chorando e sentindo que tudo era culpa minha. Hoje estou botando pra fora tudo de ruim que me faz maĺ. Eu adorei seu poema! Sério! Se você pudesse escrever mais poemas assim, você têm jeito! ❤ Beijos!

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