Crônica: Formado. E agora?

              


             Um ano após a minha solenidade.

Um ano formado em Letras Língua Portuguesa, pela UFPA. Em muita gente, após usar a beca e jogar o canudo pro alto, bate o desespero: “E agora? O que faço da vida?”. Em mim, também, e pela segunda vez. A diferença é que agora eu me sentia mais feliz e realizado. Então, eu pensava: "PELO AMOR DE DEUS, AGORA VAI!". E nesse período, de um ano, tive algumas poucas, porém experiências que valeram a pena.

Em setembro e outubro, arrisquei meu corpitcho e meu belíssimo rosto indo lá pra Casa do Caramba ministrar Língua Portuguesa num cursinho popular do Paar, à noite. A mamãe não sossegava, coitada! Eu ia ganhar uma coisita de nada, mas eu estaria com um currículo melhor, exercendo a minha profissão. Lindo, não? Morto de amores pela docência, era tudo o que eu queria. Pois é... Tive uma baita experiência: ensinei assuntos que eu pouco estudei na graduação, aulas prolongadas repentinamente, momentos de insegurança, outros de muita confiança; aulas que eu poderia ter feito bem melhor e aulas que eu fui fodástico! Sem contar os inúmeros elogios dos alunos. Teria sido tudo okay se o coordenador não tivesse nos enganado e não nos pagado o que devia. Assim como no ITEP, a vivência como docente foi incrível, mas na hora de receber o pagamento... Melhor nem lembrar, que já bate uma raiva.


              Desde o início do curso, eu revisava TCC de amigos e colegas, mas só no segundo semestre de 2019 permiti que se tornasse lucrativo. Apesar das surras verbais que eu levei do meu orientador – que eu não mencionarei aqui o nome do Fernando Maués, pois não seria maduro de minha parte -, admito que as exigências serviram para eu me tornar mais crítico e rígido nas revisões dos textos que corrijo. Além disso, exercitei a prática da revisão com os TCC das minhas amigas de curso. A Rafa dizia que eu fui o padrinho do dela (own, fofa). Aliás, continuo trabalhando como revisor textual de textos acadêmicos/ científicos e eu a-do-ro!

   Por duas semanas e meia de março de 2020, eu trabalhei no EJA – Educação para Jovens e Adultos – de Tucuruí. Foram as duas semanas e meia mais desgastantes emocionalmente que eu já tive nesses meus 30 anos de existência neste mundo cruelmente belo. Não só por estar longe de casa, mas pelo contexto em si: ser professor no E-J-A, de alunos com histórias de vida que... eu nem preciso entrar em detalhes... Com uma metodologia que nos exigia ministrar 4 aulas seguidas, ou seja, a manhã e a tarde toda! Os estudantes não aguentavam! Por mais que eu tentasse uma aula “decente”, eles se cansavam; e, no fim, eu também. Apesar de tudo, foi o desafio que mais me trouxe amadurecimento na profissão. 13 dias que pareceram meses, de tanto que cresci. Mas voltei pra Belém, porque a pandemia veio pra arrasar com todo mundo!

Com os alunos do EJA, em Tucuruí.

             Até que, no fim de julho, comecei a trabalhar, como home office, para a Dia Produções, uma empresa de marketing e eventos corporativos. Eles precisavam de alguém formado em Jornalismo e com Bacharel em Letras. E veja só, jovem: eu tenho Licenciatura em Letras e sou formado em Jornalismo! Espia, mano! Tentei. Consegui. Agora sou revisor textual e criador de conteúdo da Dia Produções. Após 5 anos longe do jornalismo (o blog não conta), estou entrevistando, escrevendo matérias... A vida reserva cada coisa... O mais doido é que eu tô curtindo pra caramba: dois meses atuando como jornalista, entrevistando profissionais de várias áreas e vários cantos do país, aprendendo muito com cada um deles; e - o mais doido ainda - não tô sentindo tanta falta da sala de aula. Tanta. Porque essa saudade já tá vindo aos poucos.

É... A pandemia muda a gente... A vida traz cada surpresa... As mudanças servem pra nos dar a chance de evoluir. Eu vou aproveitar as oportunidades que me aparecem. E pra quem tá trabalhando (e no que gosta) em plena pandemia... Eu sou, realmente, um privilegiado!

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