Crônica: O aluno leitor/ sala de aula (11)
Prof. Malena, eu, Lucas e prof. Bruno.
Uma
das minhas metas como professor, desde os meus primeiros estágios, era de
incentivar meus futuros alunos ao hábito da leitura com as minhas aulas. Às
vezes, na Esamaztec, pelos meus poemas, percebo que consegui um feito ou outro
desse tipo. No ano passado, numa turma de enfermagem da manhã, um dos
estudantes me perguntou se eu poderia emprestar um livro a ele[1].
Era um rapazinho chamado Lucas Afonso; meio reservado, na dele, dedicado,
atento e esforçado.
Em um
dos meus slides há imagens de livros; um deles é o “Visagens e Assombrações de
Belém”, do Walcyr Monteiro[2].
Por ser de contos (histórias curtas) e com linguagem regional, decidi emprestar
ao Lucas. E não, não vejo problema em emprestar livros: eles não foram feitos
para ficar presos em estantes: foram feitos para serem lidos.
Lucas
teve o maior cuidado e antes de terminar a disciplina, me devolveu o livro e
agradeceu bastante. Assim que cheguei em casa, após o último dia de aula, ele
me enviou a seguinte mensagem: “Muito obrigado, professor, por tudo! O senhor
não tem ideia de como me ajudou: quando terminei de ler seu livro, na primeira
oportunidade, fui comprar um livro na livraria Saraiva. Depois desse impulso
pra leitura, pretendo continuar nessa meta”. Ganhei um presente com essa
mensagem. Me senti realizado.
Tivemos
outras conversas depois disso; e, neste ano, decidi que doaria alguns livros
meus para alguns alunos, seja em turma nova ou antiga. O primeiro estudante que
me veio em mente foi o Lucas. Separei para ele “Historinhas”, do Carlos
Drummond. Detalhe: ele não conhecia Drummond, ao menos não tanto. Fiz uma
dedicatória e o presenteei. Uns dias depois, dei outro presente: o arquivo em
PDF de “Inseparáveis”, de minha autoria, que eu lancei em 2016.
A
felicidade e surpresa do Lucas me deixou ainda mais contente. Lucas, que vive
uma vida corrida de trabalho e estudo, leu “Inseparáveis” até com muita
rapidez. No entanto, fiquei incrédulo com a foto que ele me enviou do nada: ele
imprimiu meu livro e o leu: “Eu imprimi pq ler pelo celular atrapalha, dá
vontade de responder mensagens, mexer no Instagram... como é história de
suspense queria entender... (...) Sério, professor, vou querer comprar. me fala
quanto é; faço questão”, ele disse após eu contar que o livro só está para
vender por encomendas, na internet.
Lucas
ainda tem algumas dificuldades de escrita, o que é bem comum. Mas me ajudou a
realizar uma das minhas metas como professor. Eu sempre digo aos meus alunos,
na Cerimônia do Jaleco, para que eles se dediquem e façam sempre o diferencial
em suas vidas. Pelo que o Lucas me mostrou, tô fazendo a diferença na vida de
alguns estudantes e quando isso ocorre com a leitura, é gratificante.
É...
Às vezes eu até faço algo que preste!
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