Mãe é mãe, já diz a minha.


Dia das Mães não é hoje. Dia das mães não existe. Todo dia é dia delas e todo ano no tal “Dia das Mães” os filhos resolvem dizê-las que a amam. Eu não digo isso com muita freqüência, mas tento demonstrar esse amor no companheirismo e na amizade. A gente já faz esse “Dia das Mães” há muito tempo todo santo dia, principalmente “Dia dos Filhos”, porque sempre quem é presenteado sou eu.
Por exemplo, quando eu ainda era pequeno, Zeneide, minha mãe, comprava caixas de bombons de chocolate escondido do meu pai para nós dois, pois ele não aprovava doces.
Foi quando, todo ano, ela insistia em comemorar meus aniversários com uma “big party” em nossa casa, por mais que gastasse uma grana alta (novamente contra as vontades de meu pai). “O filho também é meu e eu quero fazer uma festa pra ele!”
Foram nos dias em que ela aturava e ainda atura uma cambada de amigos meus e de minha irmã em casa, dando trabalho e despesa, mas ela está lá: rindo, fazendo lanches e me deixando orgulhoso quando eles dizem: “Tia Zeneide é ótima!”.
Quando, todas as noites que eu chegava tarde em casa de alguma festa, mamãe estava lá: acordada, quase dormindo, dizendo: “Tu sabes que eu só durmo quando chegares em casa!”.
Também quando eu ouço broncas pelos mesmos motivos e ouvindo as mesmas frases: “Meu filho, pelo Amor de Deus, acorda pra realidade! Tu já tens 21 anos, não é mais nenhuma criança!”.
No dia em que decidiu subitamente que eu viria, contra a minha vontade morar em Belém. E quando me obrigou a entrar numa auto-escola para aprender a dirigir. Nas duas ocasiões, ela disse: “Tu ainda vais me agradecer por isso”. E, puxa vida, Zeneide estava certa.
É mãe todas as manhãs quando tem que acordar cedo para fazer café da manhã seis dias por semana para os filhos folgados, tendo ainda que apressá-los, senão correm o risco de chegar atrasados no curso de inglês. O que acontece sempre!
É forte, quando se segura para não “sentá-lhe a mão na cara” toda as vezes que minha irmã é arrogante e dá uma “resposta atravessada”. Ela pode passar o dia todo dando broncas, porém não bate.
Quando, ainda que esteja cansada por ter passado o domingo todo trabalhando, ainda se dispõe em por uma touca, se juntar ao fogão e cansar ainda mais, dispondo-se mais uma vez aos filhos e fazer um jantar delicioso.
Presenteia-nos todo dia com algo novo, com boa cultura, nos ensinando o prazer e a beleza de uma boa música e bons livros - embora minha irmã ainda não tenha se tocado disso.
Na hora da novela: quando nos juntamos todos os dias para assistir nossas novelas favoritas em seu quarto, fazendo-me sentir falta quando não a vejo ao lado dela.
Enche-me de orgulho quando me canso de tanto ouvir elogios na Defensoria: “Tua mãe é uma ótima profissional. Se for pra ser atendida, prefiro que seja pela Dra. Zeneide”. Um dia ainda vou ser assim.
De manhã, no carro, na hora do almoço, antes de dormir, na festa, quando está rindo, servindo de caçoada pra todo mundo, falando de seus “paqueras” e mostrando seu corpicho magro, perguntando: “Como estou?”
Foi e é mãe desde sempre, quando acordava lá pelas 5 horas da manhã para ir à Defensoria, chegando tarde em casa e “morta de tanto trabalhar”, com inúmeras petições e processos para fazer durante todo o final de semana, privando-se de seus luxos e mordomias pelos seus filhos, que nem sempre correspondem da melhor forma possível. Quando os carrega nas costas, com todas as responsabilidades e despesas inimagináveis, sem reclamar; pelo contrário: orgulhosa e feliz.
É mãe vinte e quatro horas. Mesmo quando não percebemos ou não valorizamos. Porque como Zeneide sempre diz: “Mãe é mãe”. Ou “Mãe é um bicho besta mesmo!”

Quem ganha mesmo sou eu! Obrigado, mãe!

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