A pegada do jovem no cinema nacional

O cinema nacional, aos poucos, vem conquistando um importante público: os adolescentes. Por mais divertidos que sejam os filmes de comédia, com muitos palavrões ou erotização; e os policiais, com os mesmos palavrões e muito sangue em favelas do Rio, o jovem precisa de um motivo a mais para ir ao cinema e gastar caro para escolher um filme brasileiro. Já que, para ele a opção maior, na maioria das vezes, é o americano. Ou seja, nada melhor para um jovem adolescente que assistir aquilo que se passa em seu próprio cotidiano, em sua própria vida.
“As melhores coisas do mundo” (2010) e “Desenrola” (2011), dirigidos respectivamente por Laís Bodanzky e Rosane Svartman, são filmes que se igualam com um objetivo: retratar os conflitos da adolescência. No entanto, o mesmo objetivo com focos diferentes, para mostrar de que forma o cinema aborda as surpresas e aflições da vida dos jovens entre 15 (quinze) e 18 (dezoito) anos.
A primeira transa, ou “a primeira vez”, é a temática dos dois filmes, sobretudo de “Desenrola”, o qual tem Priscila (Olivia Torres) como personagem principal, ou seja, uma garota. O romantismo, a tensão, a idealização pelo “cara ideal” e as desilusões têm tratamento delicado, mas sem perder a comicidade. Diferente de “As melhores”, em que Hermano (Francisco Miguez) é o protagonista, de 15 anos, um ano mais novo que Priscila. Ele também idealiza uma garota, uma “paixonite” de adolescente com um futuro incerto, mostrando que tanto meninos quanto meninas, criam uma expectativa de da tal primeira vez; o que em muitos casos, fora da tela, a pessoa ideal é o interesse mínimo, o importante mesmo é que seja “bom”.
As garotas podem até pensar que os meninos perderam o sentimentalismo e só querem “saber daquilo”, mas o cinema nacional vem para provar o contrário. O sexo continua sendo uma meta crucial para os garotos no início da adolescência, seja para aumentar o próprio ego ou para exibir-se aos amigos, porém a fórmula de chegar até ela exige um pouco de romantismo, em alguns casos. E a música é a melhor saída. Em ambos os filmes, os dois garotos que ocupam o centro da história buscam aprender a tocar violão com a finalidade da conquista. No filme, os resultados são divergentes. Na vida real, os resultados são quase sempre bons. Afinal, qual é a garota que não gosta de um cara romântico? Ou, simplesmente de um cara que faça algo por ela.
Enquanto “Desenrola” trás um bom relacionamento com os pais, um galã e um ambiente divertido, sem graves complicações na vida dos jovens, com um toque até de infantilidade; “As melhores coisas do mundo” pesa no drama de cada personagem, realçando que a vida dos jovens não tem nada de fácil. Nenhum peca na atuação - até o próprio Fiuk não decepcionou tanto -, direção ou trilha sonora, porém, a impressão que passa é que a fase da adolescência chega cada vez mais cedo e pode ser encarada como uma aventura, divertimento ou como o maior drama da vida. Que divertida ou dramática, não deixa de ser a melhor de todas as fases!

Comentários

É bom saber que o cinema nacional está se fortalecendo e paulatinamente abandonando o velho estigma legado pelas pornochanchadas.
Olga, Se eu fosse você, O Palhaço, O Homem do Futuro, A Partilha, Do começo ao Fim, enfim... Filmes que mostram um lado dos brasileiros que não é só futebol, bunda e favela.
Mt legal da sua parte mostrar isso no seu blog.

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