Resenha: A nova geração pop nacional. Vocês conhecem? (1)

       Sou louco por pop rock nacional e MPB, e isso eu acho que vocês, lindos leitores, já perceberam, não é? Mas não ouço apenas os clássicos dos anos 70/ 80/90. Há muitos artistas da nova geração pop que tem trazido um novo conceito e estilo para o universo da música brasileira. Atualmente é bem mais fácil de conhecer o trabalho deles. Nem precisa comprar CDs, já que a internet nos dá o suporte para fazer aquele download básico ou simplesmente ouvir online. E temos dois jovens cantores que há um bom tempo estão frequentes na minha playlist: Tiago Iorc e Roberta Campos. Vocês conhecem?


                Como eu já mencionei em outra postagem, Tiogo Iorc não é realmente novato. Morou nos Estados Unidos, estudou publicidade e propaganda e música; e em 2008 lançou seu primeiro CD, com faixas em inglês, o “Let Yourself In”. Esse álbum dele eu ouvia incansavelmente, devido às melodias animadas, o som marcante dos instrumentos, como a guitarra e o violão, o discernimento e a mistura nas canções mais suaves e nas mais agitadas, com uma levada próxima ao rock-roll. O cara é, em outras palavras, foda em fazer baladas. Pelo menos nove músicas dele já se tornaram trilha sonora de novelas da Rede Globo, sendo quatro de “Let Yourself In”. Aposto em afirmar que a mais bonita e de som mais tranquilo é a “Nothing but a song”, que, em 2008, tocou em “Malhação”, enquanto “Scared” e “Blame” te fazem mexer os pés e a cabeça, com ritmo mais pop e dançante, e também estiveram em novelas. Sem contar as regravações “Ticket to ride” (The Beatles) e “My Girl” (The Temptations).

“Umbilical” e “Zeski”, respectivamente, foram lançados em 2011 e 2013, com canções um pouco mais tranquilas. Contudo, o álbum que já ouço umas trocentas vezes é o mais recente, de 2015, o “Troco Likes”. A música de trabalho “Amei te ver”, principalmente. A letra dela, cheia de simplicidade, com uma poesia bem construída e um jogo de palavras indizível, com metáforas que descrevem fielmente o sentimento de alguém apaixonado e o refrão estrategicamente chiclete: “Eu amei te veeer”. “Alexandria” e “Coisa linda” também são de se ouvir várias vezes e há outras ótimas composições que nem ao menos foram para os álbuns, como “Até aqui” (com Duca Leidecker) e “Dia especial”, ambas românticas, com arranjos relaxantes e tocantes. O último EP, lançado nesse mês, o “Sigo de volta”, traz um novo (possível) hit, o enérgico “Chega pra cá”, de musicalidade contagiante. Tiago Iorc, eu já estou sabendo, vem à Belém para gravar seu DVD “Troco likes” e eu já aceito um ingresso para esse show como presente antecipadíssimo de aniversário, viu?


              Assim como Tiago Iorc, a cantora e compositora Roberta Campos, de voz suave e graciosa, também lançou seu primeiro álbum em 2008, o “Para Aquelas Perguntas Tolas”, produzido, composto e gravado unicamente por ela, em sua casa. Mas foi em 2010, com o CD “Varrendo a Lua” que ela se tornou conhecida. Mais uma vez, semelhante ao Iorc, Roberta Campos teve músicas em novelas. A novela “Rebelde” (Rede Record), em 2011, colocou “De janeiro a janeiro” (em parceria com Nando Reis), porém essa bela e poética canção só alcançou sucesso em 2013, no folhetim global “Sangue bom”. Tornou-se hit nacional e imediato. “De janeiro a janeiro” foi criada em homenagem ao marido, um presente a ele, e Roberta, no Making Of de “Varrendo a lua” explica o que a inspira ao compor: “Tudo me inspira. As coisas, as pessoas, os sentimentos. Do mais simples ao mais complicado. Do amor a um simples sorriso, o céu estrelado e mesmo a falta de estrelas”.


              A canção-título, “Varrendo a lua”, e “Mundo inteiro” são duas pop revelações, gostosas de apreciar e nada difíceis de aprender; a versão “Quem sabe isso quer dizer amor”, de Milton Nascimento, também teve interpretação única, porém foi a calmante “Acabou” que me balançou o coração. Uma balada melancólica, com uma letra representando o conformismo de alguém aflito com o fim do relacionamento a dois, mas com certa esperança para um reato: “Acabou meu mundo pra você/ mas um dia a gente se vê/ de repente sem querer/ a gente pode voltar”. Em 2012, lançou o “Diário de um dia” e no ano passado, o “Todo Caminho É Sorte”, o qual eu escuto sempre que ligo o PC. “Ensaio sobre o amor”, faixa inicial, é, de todas, a mais pra cima e é música de trabalho dela. Também houve uma bela regravação, um sucesso de Gilson, do fim dos anos 70, de mensagem que exprime tristeza e carência: “Casinha branca”. Marcelo Jeneci e Marcelo Camelo participaram da canção “Amiúde”, um estilo lento e aconchegante, típico de ambos. Enfim, “Todo Caminho É Sorte” é um álbum tranquilo, e Roberta acerta em cada composição e em cada compasso de duas canções.
Vocês já sacaram que a música de Tiago Iorc é “linda do jeito que é/ da cabeça ao pé e do jeito que for”[1] e ouvindo Roberta Campos vocês perceberão “as várias fases, estações que me levam com o vento/ e o pensamento, bem devagar”[2]. O estilo pop contemporâneo nacional é muito rico e nós ainda, infelizmente, não nos tocamos nisso. Os meios de comunicação de massa nem sempre contribuem a esse conhecimento musical mais apurado, específico e vasto; as rádios, agora que estão saindo de sua zona de conforto e tocando algo além do comum – mas eu sei que esse é um outro caso. A internet é o meio que nos favorece pra caramba, temos que aproveitar essa oportunidade e nos dar ao prazer de ouvir algo que vai além do efêmero. Além disso, esses novos e jovens artistas, como Iorc, Campos e outros (que ainda escreverei por aqui) comprovam que não é somente a antiga MPB e/ou o pop rock dos anos 80 que possuem qualidade em suas produções, pois hoje em dia também temos bons representantes desses gêneros. Eu, que curto música mais que qualquer outra coisa (empatando com o hábito de escrever, na verdade), uso do Outras Palavras para mostrar a vocês um pouquinho do que o nosso país tem a oferecer nesse quesito artístico.
E a (antiga) ideia da pauta para a postagem dessa semana veio de um cara que tem um papo sempre interessante e um dos incentivadores da minha produção textual. Valeu, meu amigo Igor Gonçalves de Oliveira!

CLIQUE AQUI E OUÇA "TROCO LIKES", DE TIAGO IORC

CLIQUE AQUI E OUÇA "TODO CAMINHO É SORTE", DE ROBERTA CAMPOS



[1] IORC, Tiago. Coisa linda. 2015
[2] CAMPOS, Roberta. De janeiro a janeiro. 2010

Comentários

Vanessa disse…
Que coisa linda de se lê e vê....o Tiago é um fofo *_*
A Roberta já ouvi falar também,mas não sei muito dela.
Continue sempre assim meu amigo lindo,escrevendo bem e dando essa alegria a cada vez que entramos aqui,é muito bom você compartilhar um pouco do que você gosta e vê por aí. :)

Um grande abraço
love uuuuuu (L)
Victor, excelente! Sabia que pauta na tua mão viraria arte. Tal qual as músicas dos dois a matéria saiu suave, gostosa de se ler, corroborando com o audição das musicas do post. Continue nos presenteando com teu olhar sensível desenhado em letras. Abraços e obrigado pelo crédito.
Ainda não conhecia Roberta Campos, mais uma grande artística que pude conhecer graças a você.
E Tiago Iorc já é um velho conhecido, desde a primeira novela que ganhou uma música cantada por ele, há uns anos atrás - só não lembro qual era a novela. Mas não conheço a versão dele para My Girl, tema do filme inesquecível Meu Primeiro Amor. Vou procurar ^^
Muito bacana abordar a geração pop atual, mostrando que os cantores da nova geração também tem o que falar - e o que cantar.

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