Poemas: Pequenino/ Madrugada/ Dez anos
Você
ainda é tão pequeno
Não
mede o poder que tem
Forte
e tão indefeso
Muda
o mal para o bem.
Eu
soube que você viria
E um
susto me bateu
Escancarou a minha alegria
No
dia que você nasceu.
Uma
semana foi embora
Eu
não ganhei o teu abraço
Mas
te sequestrei na memória
Pra
te ver basta alguns passos.
Os
carrinhos aí passeiam
No seu mundo imaginário
Onde
os problemas não permeiam
Só
os desenhos animados.
Antes
havia uma vida
As
lembranças são tão vagas
Depois se abriram as cortinas
Agora
tudo tem mais graça.
Quero
que você me enxergue
Muito
mais que um tio babão
A
cada dia que você cresce
Você
está na minha oração.
Quero
que você me veja
Como
alguém que vai te socorrer
E
ainda que você cresça
No
fundo, ainda será o meu bebê.
Você
cochilou no meu colo
Sono
profundo como um rio
A
primeira lembrança me vem logo
Quando
você me chamou de “tio”
Essas
palavras te podem ser estranhas
Sem
luz, som ou a mais viva cor
Mas
elas revelam a tua façanha
De aflorar em mim o mais puro amor.
Victor Victório
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Madrugada
As
luzes flamejantes já adormeceram
A
lua ainda nos observa esperta
As
ruas, quietas, se entristeceram
Daqui
não se ouve nenhuma conversa.
As
estrelas, sim, já se esconderam
Hoje
não brilham na imensidão
As
ruas, pois bem, se recolheram
Assim
encaro a minha solidão.
Agora
o luar quase nem se nota
Sem
que eu o ouvisse, deu adeus
Não
há sussurros, acabou-se a cota
E no vazio, meu peito se escureceu.
O
vento, como sempre, acolhe meu corpo
As
nuvens claras, tão dissipadas
Eu
sei, ainda sou muito garoto
Pra entender os segredos da madrugada.
Victor Victório
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Dez anos
Chegou,
por fim, o dia
Que
eu tinha que me despedir
Tchau,
princesinha das ilhas
Mas
eu tive que partir.
Uma
cachoeira de lágrimas
Nos
abraços da despedida
O
mar era a minha estrada
Também a minha única saída.
Ficou pra trás o meu lar
Fui
viver num acampamento
Muito
louco de se morar
Mas
é vivendo e aprendendo.
A
saudade me rodeava
Me
apertava os ossos
Por
besteira eu chorava
Implorando por colo.
Recebido
pela novidade
Nas
esquinas da capital
Amparado
pelas amizades
Que me abrigavam do temporal.
Afoito
com tanta surpresa
Encantamento
nos meus olhos
A
família era a fortaleza
Nos
muros verdes do Sophos.
Não
me apavoro mais com o que vem
A
vida é explosiva e breve
Meu
corpo e alma estão aqui em Belém
Mas
meu coração está pelos cantos de Breves.
Victor
Victório.
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