ESPECIAL DIA DO MÚSICO: com NELINHO BRASIL

O Blog Outras Palavras trará duas entrevistas hoje, 22, para homenagear o Dia do Músico. Um dos convidados é o Nelinho Brasil.

Bares e casas de shows como Studio Pub, Iron Pub, The Way Pub, Heisenberg recebem o músico-instrumentista Nelinho Brasil, de 31 anos (com cara de 27) no projeto solo ou como guitarrista na TomaRock (com o Tributo ao Legião Urbana) e contrabaixista na Paquetá (Los Hermanos Cover) e CoverPlay (Coldplay Cover). Formado em Engenharia da Telecomunicação, no IESAM - Instituto de Estudos Superiores da Amazônia -, tem Licenciatura em Música pela UEPA - Universidade Estadual do Pará - e está no curso técnico de Música pela EMUFPA – Escola de Música da UFPA -, o guitarrista teve o primeiro contato com um instrumento aos 12 anos, quando ganhou um violão de presente de aniversário de Socorro Brasil, sua mãe, que sempre quis ter um filho músico. Mas foi com o filme Titanic que Nelinho realmente se interessou. Ficou encantado com a trilha sonora, mesmo sem saber distinguir um instrumento do outro. De início, ele não pretendia pedir um violão. “Eu queria um violino, mas a Moara, minha irmã mais velha, me convenceu a mudar de ideia e decidi por um violão. Ela dizia que não fazia sentido levar um violino para tocar numa roda de amigos”, relembrou, aos risos. Desde então, não largou mais a música.

Nelinho toca contrabaixo, ukulelê, está aprendendo a tocar teclado, mas os instrumentos principais são a guitarra e a sua própria voz. Na EMUFPA, ele estuda canto lírico, embora a prática seja no canto popular, com o rock e a MPB. “Um amigo me recomendou a escolher o canto lírico e não o popular, pois o lírico explora o máximo da voz e a técnica é muito boa. De fato, me apaixonei pela técnica do lírico, almejo ainda dominá-la. Isso me ajudou a cantar melhor o popular, porque foi quando me considerei cantor”, explicou Nelinho, que também foi guitarrista da Mostarda na Lagarta, uma banda autoral com antigos sucessos na internet, como Mosqueiro e Índio Rock. Atualmente, ele vive exclusivamente do trabalho como cantor e instrumentista, porém, no começo, optou por cursar Engenharia de Telecomunicações por saber das dificuldades financeiras vividas no meio musical. “A música era meu hobby”, contou. “Só que esse hobby se tornava cada vez maior. Já formado, com dificuldades financeiras, iniciei o mestrado, sem receber bolsa, aceitei o convite da TomaRock para tocar contrabaixo. E todo fim de semana entrava dinheiro. Quando percebi que eu podia me manter, larguei o mestrado e decidi me dedicar exclusivamente à música, mas sem produzir mais nada autoral, como eu fazia no Mostarda na Lagarta".

Nelinho criou um canal no youtube, com seu próprio nome, no fim do ano passado. Nele há videoaulas e interpretações de canções gravadas em casa ou ao vivo, do trabalho solo, como Águas de marçoMenina do LeblonPor EnquantoShiver (vídeo ao lado), entre tantas outras. O objetivo era ter uma renda, mas ainda não houve retorno financeiro. “Por outro lado, houve um efeito colateral bom, que foi a visibilidade do público. As pessoas estão me reconhecendo pelo canal, muitas achavam que eu só fazia isso, não conheciam meu trabalho da noite”, disse o instrumentista. Uma das músicas dos vídeos tem composição própria, a Bem alto (vídeo abaixo), porém Nelinho não se considera um compositor: “É uma exigência diferenciada. Pra compor é preciso de ideia, de algo subjetivo. Falta eu treinar mais. Composição é treino. Não me considero ainda compositor porque não tenho muitas composições, ainda não tive um retorno disso”. Um dos projetos dele é lançar um CD só com autorias, e já tem todo um plano de marketing em mente, de como alcançar mais visibilidade, inclusive no canal.



Participações em espetáculos de teatro e dança também fazem parte da carreira de Nelinho Brasil. No teatro, ele tocou junto com a banda Paquetá, com o grupo Tiago de Pinho, com a peça De repente, Hermanos e com a Escola de Dança Arte e Movimento, com o trabalho solo, no espetáculo Alice, baseado na obra Alice no país das maravilhas. Para o cantor, não há porquê dispensar oportunidades quando o assunto é música. Hoje em dia se desprende do preconceito musical. Já teve, mas é passado. Mesmo não sendo o mais prazeroso, já tocou axé, sertanejo, forró; não recusa oportunidades. Além disso, a falta de profissionalismo e desunião são duas questões que o desagradam no meio musical. “A competitividade me incomoda. A desvalorização também. Há pessoas que ligam para contratar, mas reclamam do orçamento, não valorizam o trabalho do músico, não entendem dos gastos com transporte, por exemplo, e pensam que me oferecendo lanches, me levar ao local e me deixar em casa irá pagar o cachê. Já conheci cantor que se vende por bebida, que despreza o próprio trabalho.”, lamentou Nelinho.



O maior objetivo de Nelinho é também um dos desafios: viver das suas criações musicais. Deseja gravar um álbum e ter reconhecimento nacional, viver do o projeto autoral. Tendo Legião Urbana, Los Hermanos, Beatles, Pink Floyd, Elton John, Caetano, Chico, Tom, João Gilberto como referências, o cantor acredita que ser músico é viver da sua arte, da música, saber ouvi-la, decifrá-la, apreciá-la. “Música é minha vida. Às vezes me pego como hobby atividades dentro da música, tocando outros instrumentos, por exemplo. Já tive dúvidas, questionamentos, aquele momento em que você se pergunta se está fazendo o certo. Mas vai além da grana, é uma realização pessoal. Quero mostrar minha arte pro mundo, viajar fazendo shows, ter autocrítica, saber que o público pode aprovar ou não. Quero viver da minha música”, finalizou o instrumentista. 


E se você, lindo leitor, quiser conhecer um pouco mais do trabalho de Nelinho Brasil, que além de ter um belíssimo trabalho também é um cara super gente boa, clique aqui. E clicando aqui você terá acesso à homenagem ao meu amigo Jackson Pastana, pelo dia do músico.

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CURIOSIDADES NELINHO BRASIL

1. Os três filhos de Socorro Brasil tiveram aula de violão, mas Nelinho foi o único a seguir carreira na música. A irmã é artista plástica e o irmão é formado em designer gráfico.

2. Moara, a irmã de Nelinho, era fascinada por Legião Urbana. Ainda novo, ele lembra de tê-la visto chorar bastante com a morte de Renato Russo. “‘A minha irmã tá chorando por causa do cara. Quem é esse cara?!’, depois que fui ver e entender que era o Renato Russo”.

3. “Já aconteceu de muitas pessoas ligarem querendo me contratar só conhecendo meu trabalho no youtube, pensando que eu vou levar meu ukulele e tocar. Mas o que eu vendo mesmo é o que eu faço na noite, tanto que comecei a gravar os vídeos ao vivo”.

4. “Atualmente eu tenho meu projeto solo. Sou muito envolvido com a tecnologia. O meu TCC de música foi baseado no estudo da tecnologia contribuindo para músicos da noite. Eu toco guitarra e voz, sampleio bateria, baixo e guitarra, ou seja, eu toco em cima de um backing track praticamente. Há dois anos que eu faço isso.”.


5. “Enquanto eu estudava licenciatura na UEPA, tinha dúvidas entre bacharelado ou licenciatura. Bacharelado tem que ter instrumentos. Isso seria no Carlos Gomes e só com instrumentos eruditos. Decidi licenciatura, mas depois de um ano descobri que tinha bacharelado em composição e arranjo. Fiquei frustrado, era pra eu ter feito esse curso. Aí comecei a assistir composição e arranjo como ouvinte . Meu professor dizia: ‘A composição é como se fosse um instrumento qualquer. Pra tocar tal instrumento vais ter que treinar. Pra ser compositor vai ter que compor, criar; se ficou ruim, tenta de novo, as manhas e gestos virão com o tempo’”.

Comentários

Wow, que entrevista interessante!
Muito bom conhecer um músico da nossa terra, temos mesmo que valorizar o que é nosso, ainda mais sendo alguém de talento assim.
Confesso que não conhecia o trabalho de Nelinho Brasil, mas me interessei bastante e apreciei, e muito, o que foi exposto na postagem.
Realmente a desvalorização do profissional é muito triste, em todos os setores.
Parabéns ao Nelinho pela perseverança, continue lutando pra vencer no meio musical, se capacitando sempre. O talento você já tem, agora é só correr pro sucesso! E parabens ao Victor, que mais uma vez nos agracia com uma excelente reportagem.

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